Review | Missão: Impossível – Acerto de Contas: Parte 1

Missão: Impossível 7 – Acerto de Contas: Parte 1 é o grande lançamento cinematográfico da semana, abrindo as superestreias de julho.

É curioso que o novo filme de Tom Cruise abra com um incidente envolvendo um submarino, justo após a tragédia do Titan, da Ocean Gate. Mas não é a única atualidade do roteiro: a trama gira em torno de uma inteligência artificial que se torna autônoma, algo que vem tomando forma cada vez mais assustadora.

E olha que a produção foi interrompida pela pandemia do Covid-19, o que atrasou as filmagens, elevando os custos de forma astronômica.

A nova aventura de Ethan Hunt traz um fantasma do passado de volta à sua vida. Ao mesmo tempo, a ladra Gracie (Halley Atwell, de Capitão América: O Primeiro Vingador, atriz que merecia uma carreira com mais pontos altos) renova o velho time (Luther/Vingh Rames, Benji/Simon Pegg e Ilsa/Rebecca Ferguson) quando se intromete na missão, novamente contra os interesses do governo americano.

O agente Briggs (Shea Winghan, que ficou conhecido a partir de Borderwalk Empire) é encarregado de caçar Hunt, que também é o alvo da assassina Paris (Pom Klementieff, se você a achar familiar, não estranhe: ela passou a década sob a maquiagem de Mantis, dos Guardiões da Galáxia).

Halley Atwell é a nova adição ao time de Tom Cruise na renomada franquia

M:I 7 Parte 1 tem easter eggs do primeiro filme da franquia. O diretor Kitridge (Henry Czerny) dá as caras quase 30 anos depois, há uma luta em cima de um trem (está no trailer) e uma morte traumática (mais ou menos, novamente no trailer dá para adivinhar).

Há alguns buracos no roteiro, mas quem está ligando para verossimilhança? O importante é o ritmo frenético, ação com a sensação real de perigo e, é claro, Tom Cruise encarando tiro, porrada, bomba e proezas sem dublê como se fosse o mesmo jovem ator de 1996.

Hoje, pouca gente se lembra que Missão: Impossível era um seriado dos anos 60/70, que virou uma franquia cinematográfica há três décadas, trazendo Tom Cruise e o que havia de melhor em efeitos especiais. Do programa de TV restaram a mensagem que se autodestruía, a abertura com cenas do episódio, as máscaras “Scooby-Doo” e, naturalmente, a música-tema de Lalo Schifrin.

Aos 61 anos, Tom Cruise esbanjando fôlego e encarando perigosas cenas de ação

Os primeiros filmes tiveram as assinaturas de Brian de Palma, John Woo, J.J. Abrahms e Brad Bird (que vinha de Os Incríveis, da Pixar). A partir de Nação Secreta (2015), o quinto da marca, Christopher McQuarrie assumiu a direção e não largou mais. Virou um parceiraço de Cruise, conduzindo outros trabalhos do astro, como Jack Reacher: O Último Tiro e o megassucesso Top Gun: Maverick. Saem os autores, entra o cúmplice.

Com isso a série ficou mais centrada na ação incessante e menos nos arcos dramáticos, o que é bom. Se o seriado com Peter Graves e Martin Landau vinha na onda do James Bond de Sean Connery, a Missão: Impossível do cinema se aproxima cada vez mais de 007, com uma diferença: enquanto aguardamos um substituto para Daniel Craig após Sem Tempo para Morrer, não há outro Ethan Hunt possível além de Tom Cruise.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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