Review | Mogli – Entre Dois Mundos

Não pode ser desculpa o fato de que apenas dois anos separam o Mogli de Jon Favreau deste Mowgli de Andy Serkis, a maior disparidade entre os dois fica para a qualidade técnica e a diferença de tom entre as duas abordagens.

Enquanto o filme de Favreau ganhou o Oscar e diversos outros prêmios devido aos seus efeitos visuais, é difícil que o filme de Serkis repita o mesmo feito, mas é possível enxergar beleza e ousadia nesta versão.

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Apesar das limitações técnicas, e talvez financeiras, Serkis traz um tom sombrio e adulto à história do menino lobo que nos mostra como é possível explorar uma mesma história sabendo ser original, e só por isso Mogli – Entre Dois Mundos já vale a conferida.

Saem de cena as músicas alegres que conduzem os animais na fábula familiar da Disney e entram em cena lutas violentas entre feras que fazem jus à selva e aos animais que ali convivem.

Por mais que você ainda tenha na memória os acontecimentos de Mogli: O Menino Lobo (2016), Serkis ousa mais que Favreau, embora não consiga manter o roteiro tão coeso quanto o colega.

O destaque fica para algumas interpretações e para as nuances que os atores impõem àqueles animais. Baloo (Serkis) não é mais tão amigável quanto conhecíamos, chegando a conduzir um treinamento na base das punições que seria manchete em qualquer jornal investigativo, Bagheera (Christian Bale de Pocahontas) se mostra capaz de matar Mowgli sem pestanejar e Shere Khan é extremamente ameaçador graças à incrível dublagem de Benedict Cumberbatch (O Grinch).

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Embora os detalhes técnicos de algumas cenas não alcancem as pretensões de Serkis em tornar tudo o mais real possível, em alguns momentos os efeitos são louváveis.

Nota-se o cuidado em destacar cicatrizes, pelos, marcas, sangue e olhos com vida dos animais, e é uma pena que não surta o mesmo efeito quando vemos vários animais em cena.

Este segundo trabalho de Serkis na direção expõe um dos pontos fracos do diretor. Em Uma Razão para Viver (2017) ele já havia mostrado seu lado burocrático, e no terceiro ato de Mogli – Entre Dois Mundos mais uma vez ele cai em resoluções fáceis e corridas que acabam fazendo com que a ousadia de sua história fique em segundo plano em prol de escolhas questionáveis que passam uma mensagem controversa em tempos de tolerância entre homens e animais.

 

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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