Review | Morto Não Fala

Segundo o diretor Dennison Ramalho em coletiva de imprensa realizada em São Paulo no dia 1º de outubro, a proposta inicial para Morto Não Fala era produzi-lo em formato de série, porém, a demora em conceber o projeto o levou a uma parceria com Guel Arraes – que entrou como produtor associado – responsável pela ideia de se produzir o filme e fazer com que a obra viajasse o mundo por festivais e assim sentir a recepção do público.

Infelizmente, a minha resposta foi negativa – e escrevo isso com pesar, dada a boa fase do terror nacional – mas é inegável que há certo interesse acerca das possibilidades da história enquanto série, já que enquanto filme a obra não dá conta de se aprofundar em seus temas.

Digo isso porque Morto Não Fala é heterogêneo. É como um grande recipiente com água, óleo e vinagre. Aqui a combinação entre trama de suspense capenga, aliada ao gore e aos efeitos pouco cinematográficos, mais o fator social mal aproveitado dão um ar televisivo ao longa. Assim, a ideia inicial de Ramalho faz muito sentido: se visto como piloto de série, a produção poderia despertar curiosidade. Como filme, é falho.

Daniel de Oliveira é Stênio, um plantonista que trabalha à noite em um necrotério. Ele tem um curioso dom paranormal: a habilidade de falar com os mortos. Em uma dessas conversa descobre um segredo e se envolve com alguns criminosos para realizar uma vingança pessoal, porém, Stênio desencadeia uma maldição que traz perigo e morte para perto de si e de sua família.

A maior ressalva com o filme é como parece haver uma certa pressa em seguir para o próximo passo. Com isso, muita coisa fica pelo caminho, seja o retrato de uma sociedade criminalizada ou o ambiente familiar emocionalmente abalado, além de personagens levados como arquétipos do início ao fim, faltando assim sustentação para seus dramas e traumas. Tudo isto é brevemente pincelado num filme que não se resolve entre o terror de gênero e o drama psicológico. Junte isso ao final aberto e resta um ar de frustração, afinal, qual a proposta de Morto Não Fala?

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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