Creio que juntar verbetes e palavras para criar um dicionário não seja uma tarefa nada fácil. Levar essa história para os cinemas então, complicadíssimo. O Gênio e o Louco só não é melhor por ser mais curto do que deveria. As duas horas não dão conta de explorar duas histórias tão ricas em detalhes.
Nota-se o esforço do diretor Farhad Safinia e dos roteiristas em homenagear os dois principais envolvidos na compilação do dicionário Oxford. Apesar da temática que desperta curiosidade, principalmente nos fãs de línguas, o filme vale mais pela oportunidade de vermos – e aqui vos fala um cinéfilo – um sumido Sean Penn (Milk: A Voz da Igualdade) e Mel Gibson (O Homem Sem Face) contracenando juntos, mesmo que em poucas cenas.
O perfeccionismo da reconstituição de época e os detalhes da história se equiparam ao estilo do Professor James Murray (Gibson), porém, faltam doses da loucura do Dr. William Minor (Penn) para que a trama se tornasse menos burocrática e mais intrigante. Há também um romance envolvendo a personagem de Natalie Dormer (Na Escuridão) que não encaixa bem no todo, justamente pelo fato do curto tempo de desenvolvimento desta paixão avassaladora.
Paralelos
A princípio, o diretor Safinia opta por contar as histórias de ambos de forma paralela, fazendo bom uso de todo o tempo possível para que Penn e Gibson pudessem tirar o máximo de seus personagens. Penn é o grande destaque, numa atuação repleta de emoção e paixão. Acaba sendo um jogo curioso nos dois primeiros atos do filme, por contrapor duas personalidades tão distintas que, mais à frente, iriam se unir em prol do dicionário.
Neste conflito entre razão e emoção, O Gênio e o Louco resulta num longa que poderia ser ainda mais longo e que apenas cumpre o básico. O roteiro não dá conta de captar tudo o que é proposto, algumas peças e personagens não se encaixam tão bem e o resultado é interessante, mas não muito marcante. Poderia virar uma minissérie.
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