Vencedor dos Oscar de Montagem e de Som, O Som do Silêncio estava há meses no Amazon Prime Video praticamente sem fazer barulho (ui!), até que sua indicação a seis prêmios da Academia de Hollywood o colocou no radar de todos mundo. E mereceu?
Definitivamente, considero o mais surpreendente entre os indicados a Melhor Filme. E é um caso, como Meu Ódio Será Sua Herança (The Wild Bunch) ou Rastros de Ódio (The Searchers), em que o título nacional é melhor que o original, Sound of Metal.
A trajetória do protagonista Ruben (Riz Ahmed, indicado a Melhor Ator) se inicia com ele em tour a bordo de sua motorhome, com a namorada Lou (Olivia Cooke, de Jogador Número 1, e sempre uma atriz interessante), com quem forma um duo de bateria e guitarra/vocal.
A vida de cigana é aparentemente boa para os dois, até que ele percebe que está perdendo a audição. Desesperado, Ruben é encaminhado para um médico, que lhe dá o diagnóstico de surdez progressiva e que deve evitar ruídos excessivos. Ou seja, nada de rock.
A partir daí ele começa o percurso das cinco fases da perda, ou luto, que são a Negação, Raiva, Negociação, Depressão e Aceitação. Só que o excelente Roteiro Original (também indicado ao Oscar) de Derek Cianfrance, Darius e Abraham Marder foge do que poderia ser uma série de clichês.
Ao se internar numa comunidade de surdos, ele passa a ter como tutor Joe (Paul Raci, indicado a Ator Coadjuvante), que o guia através desse novo mundo. O desejo de retornar à sua vida antiga move Ruben em grande parte da história, só para descobrir que, no fim, essa impossibilidade não é necessariamente ruim.
O Oscar de Som era quase inevitável, num filme em que não é apenas um acessório técnico, mas quase um personagem. A Aceitação final não é mero conformismo, mas uma revelação. Filme belíssimo que graças a esta temporada atípica, a Academia nos fez descobrir.
Vale a pena conferir e aprender com O Som do Silêncio.
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