Histórias de judeus que sobreviveram ao holocausto existem a mil. Roman Polanski, em 2002, fez um dos retratos mais fiéis e cruéis sobre este amargo capítulo da história com O Pianista. Em Bye Bye Alemanha, de 2017, o cinema alemão produziu a história de um grupo de judeus que pregavam peças nos nazistas de uma maneira mais despojada.
Os Invisíveis, dirigido por Claus Räfle, tem uma proposta diferente de contar mais uma dessas pequenas grandes histórias que podem servir como lição de vida para quem assiste ou como superação e “nascer de novo” para quem realmente as viveu. No entanto, com um estilo documental que intercala os depoimentos dos personagens reais à história ficcional, o filme ganha um aspecto televisivo que não funciona no cinema.
Em 1943, Berlim foi declarada livre de judeus pelos nazistas. Entretanto, mais de sete mil judeus ainda se camuflavam na cidade, seja com identidades falsas, mudança de fisionomia, ou até mesmo vivendo em condições sub-humanas. Ao final da guerra, apenas 1.700 judeus sobreviveram.
Em Os Invisíveis acompanhamos quatro dessas testemunhas. Porém, o roteiro de Räfle e Alejandra López não consegue dar fluidez às histórias. Os personagens não se encontram, com isso, os cortes bruscos que nos levam de uma história à outra deixam o filme travado.
Além disso, algumas histórias são mais bem desenvolvidas – e até interessantes – do que outras, como a do jovem Cioma Schönhaus (Max Mauff, de A Onda), um falsificador de passaportes que ajuda a salvar a vida de outros judeus enquanto luta para manter o seu anonimato. E a de Ruth Arndt (Ruby O. Fee, de Ventre), que finge ser uma viúva de guerra que trabalha na casa de um oficial do exército nazista e sonha em ir para a América.
Os depoimentos dos quatro judeus não agrega em nada ao roteiro, pois tudo o que eles dizem é mostrado logo depois. É um artifício que quebra o ritmo do filme e que poderia ser utilizado de outra forma ao final do filme ou até mesmo no começo.
Por ser extremamente fiel aos fatos, não há clímax. Nota-se que Räfle não se utilizou de liberdades cinematográficas para dramatizar a história. Se por um lado conhecemos a importante saga de perseverança desses quatro judeus que tiveram que se separar de suas famílias e fingiram ser quem não eram, por outro, o seu ritmo e estilo fogem completamente da proposta do cinema, mesmo que documental, parecendo mais um episódio de qualquer série de TV sobre o Holocausto que passaria no History Channel.
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