Depois de Hipócrates (2014) e Insubstituível (2016), o diretor Thomas Lilti chega com seu novo longa mostrando o árduo caminho de jovens recém saídos do ensino médio (ou colegial) para ingressar no competitivo mundo universitário da medicina.
Na verdade, Lilti não se apega a essa coisa do “ser médico”, embora deixe claro que seus dois protagonistas estão envolvidos – ou almejam – à medicina, em Primeiro Ano ele volta algumas casas e mostra a obsessão dos jovens estudantes que se doam por inteiro para passar no vestibular.
É interessante notar como funciona o sistema de cortes nas universidades da França, obviamente diferente do Brasil, mas que também incita aos estudantes um clima de disputa entre si, como fica claro na cena em que há uma briga por um simples lugar na sala de aula.
Os protagonistas Antoine (Vincent Lacoste de Conquistar, Amar e Viver Intensamente) e Benjamin (William Lebghil de Amor à Primeira Briga) são dois tipos bastante diferentes neste mundo. Enquanto Antoine é um repetente que tenta, pela terceira vez, ingressar no curso que tanto deseja, Benjamin é um calouro que encara a medicina mais como uma obrigação de família, mas que não demora muito a compreender como funciona a mecânica da coisa toda.
A partir dessa amizade, de muita cumplicidade e cooperação mútua, Primeiro Ano, então, vai se tornando uma dura crítica ao compulsivo modelo de avaliação universitário que não dá respaldo e apoio aos estudantes e os mantém preocupados em passarem horas a fio estudando, coletando materiais e indo à biblioteca para se adaptarem a um sistema de avaliação duro e até cruel.
Ao final, ficam os questionamentos: até que ponto as cobranças interna, familiar e acadêmica são saudáveis para a formação de um profissional? O sistema de avaliação que privilegia uma “máquina” de responder perguntas e aniquila quem ainda não se adaptou a ele é justo? Como formar um profissional altruísta que será concebido num ambiente altamente competitivo? Um filme que lança as perguntas e se abre para debate.
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