4 out 2025, sáb

Quarteto Fantástico: Primeiros Passos chega duas semanas após Superman, e traz coisas em comum com o concorrente da DC. É despretensioso, colorido, sem vergonha de ser história em quadrinhos e muito ligeiro. Talvez até demais.

Passado num universo paralelo, com design retrofuturista dos anos 1960 (quando os personagens foram criados por Stan Lee e Jack Kirby), o Senhor Fantástico, Mulher Invisível, Tocha Humana e o Coisa são os únicos super-heróis, numa mistura de popstars e protetores do planeta.

Quando o filme começa, eles já atuam há quatro anos e o casal Richards acaba de ficar sabendo que terá um filho, o futuro Franklin.

Com a mesma rapidez com que os heróis são apresentados, desfilam diversos inimigos do grupo nas HQs, como o Toupeira, o Fantasma Vermelho e Diablo. O primeiro acaba tendo papel importante mais adiante.

Todos esses vilões são pouco mais que gângsteres de rua perto do perigo que se aproxima, Galactus, o Devorador de Mundos, que é precedido por sua arauto, a Surfista Prateada.

Para combater a ameaça, Reed resolve ir até onde está Galactus com os amigos e a esposa grávida, com a arrogância de quem se acostumou a vencer todas as ameaças até então.

O ser celestial até aceita poupar a Terra, mas a um preço impossível.

Estofo

Curiosamente, os quatro atores principais – mais a antagonista mais ‘reconhecível’ – tiveram suas carreiras alavancadas por séries.

Pedro Pascal, o Reed Richards, apareceu para o mundo como Obery Martel em Game of Thrones; Vanessa Kirby, a Sue Richards, como a Princesa Margaret em The Crown; Joseph Qinn, o Johnny Storm, como o Eddie Munson em Stranger Things; Ebon Moss-Bachrach, o Ben Grimm, como o primo Richie de O Urso; e, finalmente, Julia Garner, a Surfista Prateada, como Ruth Langmore em Ozark.

Aqui, ela é Shalla-Bal, que originalmente era a amada de Norrin Radd, o Surfista de Kirby e Lee. A mudança de sexo não é um artifício woke, mas uma forma de gerar o interesse do mulherengo Johnny Storm, que por conta disso vai ajudar a impedir Galactus de destruir a Terra, já que na versão da HQ havia a intervenção do Vigia e do Nulificador Total, uma traquitana cósmica capaz de aterrorizar até o Devorador de Mundos.

Se o começo é atropelado, a partir do retorno do espaço e as consequências da escolha feita pelo Quarteto, a história entra em um ritmo mais interessante e os personagens ganham mais estofo, com destaque para Sue, com Vanessa Kirby fazendo dela uma mulher forte e madura muito diferente das HQs.

O Johnny Storm de Joseph Quinn também é mais esperto que o das HQs, mas o drama de Ben Grimm com sua aparência passa meio batido, com ele se irritando mais com a insistência no bordão que lhe foi impetrado: “tá na hora do pau!”

Reed Richards, por sua vez, acaba vivendo do carisma de Pedro Pascal.

O Galactus de Ralph Ineson (o pai de A Bruxa) chega à Terra com o peso adequado, um Godzilla antropomorfo e implacável. Como eu disse, aqui não se tem vergonha de ser quadrinhos.

O diretor Matt Shakkman pilota o roteiro de Josh Friedman, Eric Pearson, Jeff Kaplan e Ian Springer com agilidade, fazendo de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos o que ele é: um bom entretenimento.

Ah, e são duas cenas pós-créditos, a primeira, bem relevante, e a última, lá no fim de todos os letreiros, uma brincadeira divertida.

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