Review | Resistência

O Topázio Cinemas promoveu nesta terça-feira, dia 26, uma cabine de Resistência, nova ficção científica do diretor Gareth Edwars (Rogue One: Uma História Star Wars), como parte das comemorações dos 30 anos da empresa cinematográfica e do Shopping Jaraguá Indaiatuba.

O início já remete a um clássico conhecido por qualquer cinéfilo digno do nome: num futuro próximo, uma Inteligência Artificial destrói Los Angeles com uma explosão nuclear.

No universo de O Exterminador do Futuro, criado por James Cameron, será o início da supremacia das máquinas sobre os humanos, enquanto no filme que entra em cartaz esta semana, os Estados Unidos declaram guerra à IA em todo o planeta, desrespeitando fronteiras e jurisdições.

As referências à Guerra contra o Terror e ao Vietnã não poderiam ser mais explícitas. E vai ter SPOILER.

O fio condutor da trama é o sargento Joshua (John David Washington, de Tenet), um agente americano infiltrado nas linha inimigas, que se apaixonou por Maya (Gemma Chan, de Eternos), que é muito próxima ao Criador da IA, alvo preferencial das Forças Especiais, como Osama Bin Laden. Após uma operação surpresa, ele vê a esposa grávida morrer numa explosão atômica.

Cinco anos se passam, e ele é recontratado pelas Forças Armadas para localizar uma arma capaz de destruir a estação orbital dos EUA, que localiza e destrói alvos com misseis nucleares.

Edwards – que dirigiu Rogue One, o melhor longa da retomada de Star Wars a partir de 2014 – usa e abusa de citações cinematográficas: os robôs antropomórficos são chamados simulantes, que lembram os replicantes de Blade Runner; como em Tropas Estelares, obra subestimada de Paul Verhoeven, o Império Americano tem uma necessidade patológica de eleger o inimigo da vez, como uma condição de sua própria existência. E Edwards não se se furta nem em se autorreferenciar!

Essa é uma questão que pode pesar contra a produção. O público local está disposto a ir a uma superprodução em que o Império do Mal (termo usado pelo ex-presidente Ronald Reagan para se referir à falida URSS) é a própria América? Ainda mais em um momento de profunda divisão do país?

O curioso é que enquanto a abordagem geopolítica é audaz, ainda mais num filme Disney, esteticamente é um roteiro convencional, com momentos emocionais até piegas.

Em todo o caso, é uma aventura que entretém, com citações divertidas e que faz até pensar. É muito mais do que anda passando na telona e nas telinhas.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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