Review | Rivais (Cinema, mas em breve na Max)

Em 2018, Luca Guadagnino dirigiu Me Chame por seu Nome e lançou o muito jovem Thimothée Chalamet rumo ao atual estrelato. Depois desse hype, ele dirigiu filmes com muito menos repercussão, como Suspiria: A Dança do Medo – uma homenagem ao original de Dario Argento – e o polêmico Até os Ossos, com o mesmo Chalamet, que passou meio em branco. Agora ele traz Rivais com a estrela do momento, Zendaya, e dois atores já trintões, mas com currículos pouco expressivos. Espera-se que depois deste trabalho, Mike Faist (Amor, Sublime Amor) e Josh O’Connor (o jovem Charles de The Crown) alcancem outro patamar na indústria.

Se o argumento parece de uma comédia romântica, a narrativa cheia de idas e vindas no tempo vai desvendando os personagens para além dos aparentes estereótipos. Zendaya é Tashi, um prodígio do tênis obcecada pelo jogo. Faist e O’Connor são Art e Patrick, amigos de infância que cresceram num internato/academia de tênis, jogam em dupla e são conhecidos como Fire and Ice, porque Art é metódico e apolíneo, e Patrick é impulsivo e dionisíaco. Ambos se apaixonam pela garota, que está vários degraus acima deles no esporte. A cena no dormitório dos rapazes revela algo que determina a relação do trio. Adolescentes, eles disputam numa partida quem vai ficar com Tashi, com anuência e incentivo dela. Um deles ganha, a princípio, mas um incidente acaba mudando tudo.

Vou dar o mínimo de spoilers, porque embora Rivais ainda esteja em cartaz nos cinemas (não mais em Indaiatuba), fez uma carreira pequena no Brasil, mas deve chegar em brava à plataforma Max (a produção é da Warner). Deveria ter indicações ao Oscar, mas nunca se sabe como funciona a cabeça dos acadêmicos de Hollywood. Logo no começo, Tashi diz que o tênis é como uma relação a dois e o diretor de fato usa o esporte como uma metáfora do amor e do sexo de forma sensacional e nunca vista.

Trisal é a palavra? Mas aqui saímos da modinha e mergulhamos nos jogos de desejo, manipulação e amor de forma palpável e transpirante. Vértice desse triângulo, Zendaya se consolida como estrela de presença poderosa e como a ótima atriz que sua persona talvez oculte. E Guadagnino alcança mais um ponto alto em sua cinematografia.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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