Exibido pelo canal NatGeo no dia 30 de outubro, o documentário Seremos História? – Before the Flood no original – teve lançamento mundial em 171 países e em 45 idiomas. Pode parecer exagero para uma produção televisiva, mas devido à urgência de seu tema, o lançamento em grande escala faz todo o sentido.
Por trás da concepção do projeto está Leonardo DiCaprio, ativista ambiental e nomeado mensageiro da paz pela ONU para o clima, que há pelo menos 20 anos vem se dedicando a causa, expondo a preocupante situação do Planeta Terra. Seremos História? tem como proposta apresentar um relato dramático dos efeitos já percebidos em todo o mundo devido a mudança climática, assim como as ações que podem ser realizadas para prevenir o fim da vida no planeta.
Dicaprio buscou, ao longo dos últimos três anos, relatos de especialistas e dados concretos para alertar todo o planeta das consequências que enfrentaremos daqui em diante devido a anos de abuso ao meio ambiente. Visitando vários países e encontrando regiões onde as alterações climáticas têm um forte impacto, DiCaprio não apresenta nenhum parecer positivo, a situação mostrada é crítica.
O ator presenciou um exemplo prático das suas pesquisas durante as filmagens de O Regresso. A produção teve que mudar de locação – do Canadá para a Argentina – em busca de neve para concluir as cenas, já que o local escolhido bateu recordes de temperatura. Durante seu discurso de agradecimento do Oscar de melhor ator, DiCaprio aproveitou o momento para alertar os espectadores.
“O Regresso trata da relação do homem com a natureza, uma natureza que todos sentimos em 2015 como o ano mais quente já registrado. Nossa produção precisou se deslocar ao ponto mais meridional deste planeta só para poder encontrar neve. A mudança climática é real, está acontecendo agora mesmo. É a ameaça mais urgente que a nossa espécie precisa enfrentar. Precisamos trabalhar juntos e deixar de procrastinar. Precisamos apoiar os líderes de todo o mundo que não falam em nome das grandes corporações poluentes, mas sim de toda a humanidade, dos povos indígenas, de bilhões de pessoas desfavorecidas que serão as mais afetadas por tudo isto, das crianças e de tanta gente cujas vozes foram afogadas pela política da cobiça. Não devemos encarar o planeta como algo garantido”.
A mensagem do documentário é simples: ou começamos a mudar nosso estilo de vida agora, ou sofreremos cada vez mais as consequências. DiCaprio não se acanha e vai atrás de líderes mundiais para cobrar, ou pelo menos saber, quais medidas os governos estão tomando para a proteção do meio ambiente. Discutindo o tema com várias figuras políticas, entre os quais estão o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o ex-presidente Bill Clinton, o secretário-geral da ONU Ban Ki-moon e até mesmo o Papa Francisco, primeiro pontífice a tomar uma posição sobre o aquecimento global.
DiCaprio também vai atrás de cientistas, ativistas, especialistas da NASA e entrevista pessoas de diversos países e setores da sociedade, que compartilham opiniões sobre o que deve ser feito em relação à questão.
Apresentando exemplos diretos, o documentário não poupa o espectador de situações emergenciais, como por exemplo, quando DiCaprio vai para Miami, entrevistar o prefeito Philip Levine, que explica que devido ao derretimento das geleiras causado pelas mudanças climáticas, o nível do mar está subindo e a água está cada vez mais invadindo a cidade. Como medida de segurança, para evitar as enchentes de água do mar, o prefeito elevou o nível das ruas nas áreas baixas da cidade e instalou bombas para retirar a água, uma medida que momentaneamente funcionará, mas as previsões são de que pelos próximos 40 anos, o nível do mar ficará maior e as barreiras serão ineficientes.
Se a situação de Miami não significar algo tão emergencial, o mesmo não se pode dizer de Kiribati, pequeno país da Oceania que está sumindo do mapa. DiCaprio encontra-se com o presidente Anote Tong, que revela sua decisão de comprar uma parte do território de Fiji para dar como opção para os moradores que estão perdendo suas casas para o mar. Espécies animais também aos pouco vão desaparecendo.
Além de apresentar todas as medidas mais conhecidas e necessárias, o filme deixa claro a importância da sociedade diante do período eleitoral, mostrando que todos devem se conscientizar e consultar quais são os planos de um político para as causas ambientais. DiCaprio não explicita, mas percebe-se facilmente uma crítica direta à candidatura de Donald Trump a presidência dos Estados Unidos e ao fato dele não demonstrar importância ao tema. As pessoas precisam entender o seu poder nas urnas e votar em candidatos que pensem em um futuro renovável.
O filme destaca também a importância da COP 21, importante movimento ocorrido no final de 2015 em Paris, que reuniu várias nações para fechar um único acordo, o de se responsabilizarem em gerar menos poluição. Nessa produção, fica claro que os vilões do meio ambiente somos nós mesmos, que simplesmente não nos importamos e nem pensamos em mudar velhos hábitos de consumo para que o ambiente possa ser mais preservado. Parece que só tomaremos consciência da gravidade dos fatos quando estivermos vivendo num ambiente tão prejudicado, onde o simples fato de respirar já não será tão fácil, como vem acontecendo há algum tempo na China, atualmente o país que mais polui. Seremos História? Com certeza. Só que, infelizmente, pelos motivos errados.
Seremos História? é uma produção da RatPac Documentary Films. Além de Leonardo DiCaprio assinam a produção, Fisher Stevens, Brett Ratner, Jennifer Davisson e Trevor Davidoski, e a produção executiva fica nas mãos de Martin Scorsese. A trilha sonora foi criada por Trent Reznor & Atticus Ross, Gustavo Santaolalla e Mogwai.
O documentário está disponível no YouTube e pode ser conferido abaixo:
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