Para começar, vamos aos motivos para assistir o novo Superman de James Gunn… SEM SPOILERS!
Primeiro: David Corenswet como Superman/Clark Kent, a melhor encarnação do super-herói desde Christopher Reeve.
Segundo: Nicholas Hoult como Lex Luthor, que disse ter se inspirado em Michael Rosenbaum, de Smallville.
Terceiro: Rachel Brosnahan como Lois Lane, que além do talento que os fãs de Maravilhosa Sra. Maisel já conheciam, tem uma química incrível com Corenswet.
Quarto: o ritmo ágil e divertido criado pelo diretor e roteirista James Gunn, também CEO do novo DC Studios.
Quinto: Krypto, o Supercão, em sua estreia no audiovisual live-action.
Gunn começa o filme com o pressuposto que o espectador já sabe quem é Superman, de onde ele veio e, surpreendentemente, tomando uma surra.
Mesmo sem kryptonita naquele momento, conhecemos as vulnerabilidades do herói, sua dependência da luz solar e a mensagem de seus pais kryptonianos, Jor-El (um irreconhecível Bradley Cooper) e Lara (Angela Sarafyan, de Westworld) que, em tese, o move em sua missão na Terra.
Também vemos que quem está por trás de sua derrocada é o bilionário de big tech Lex Luthor, que também não necessita explicar o motivo de seu ódio por Superman.
O vilão tem dois capangas superpoderosos, a Engenheira (Maria Gabriela de Faria), capaz de transformar partes de seu corpo em armas e equipamentos, e o misterioso Ultraman, mascarado capaz de enfrentar e derrotar o Superman.
Com a ajuda dos dois, Luthor encontra e invade a Fortaleza da Solidão, quartel-general do kryptoniano, e consegue uma informação quem nem o próprio Kal-El conhecia. E que vai mudar o rumo de sua vida na Terra.
Freio moral
Embora Clark Kent de óculos, paletó e gravata só apareça no começo do filme, na visão de Gunn é essa parte humana que torna Superman o herói que nós conhecemos. Daí que a novidade vinda de Krypton reforça mais esse aspecto.
Nas cenas de luta em Metropolis, o herói faz questão de minimizar os danos e salvar a vida até de esquilos, em flagrante contraste com a destruição desmedida causada pela versão de Zack Snyder.
Sem falar que o azulão de David Corenswet jamais mataria, o que é parte do cânone, afinal, o ser mais poderoso da Terra deve ter esse freio moral.
E o CEO do DC Studios também não deixa de dar uma cutucada em sua antiga casa, a Marvel, com cenas pós-créditos que não querem se linkar a outras produções, com a evidente exceção de Supergirl (Milly Alcock, de A Casa do Dragão), que dá as caras ainda durante o filme e já havia sido anunciada.
E tem o pano de fundo político. Mesmo não sendo um tratado sobre o mundo e suas relações com os EUA, a desconfiança que o Pentágono tem do imigrante alienígena em um momento de perseguição a estrangeiros radicados no país, diz muito.
Sem falar no ataque a uma nação mais bem armada sobre outra, que resiste com ancinhos e facões. Aqui podemos relembrar tanto a guerra entre Rússia e Ucrânia, como Israel contra Faixa de Gaza. Tais colocações são óbvias, mas não gratuitas, ainda mais em uma produção que busca alcançar um grande público em todo o planeta.
O novo Superman tem outros destaques como a Gangue da Justiça, formado por heróis B da DC, como o Lanterna Verde Guy Gardner (Nathan Fillion, chapa de Gunn que aparece em praticamente todos os trabalhos dele); a Mulher-Gavião (Isabela Merced, que ganhou notoriedade na segunda temporada de The Last of Us) e o Sr. Incrível (Edi Gathegi, de For All Mankind), que tem mais tempo de tela e participação na trama principal. Sem falar no Metarmorfo (Anthony Carrigan).
A Gangue da Justiça é patrocinada por Maxwell Lord, outro magnata-vilão do universo de Superman, aqui vivido pelo irmão do diretor, Sean Gunn, numa rápida aparição.
Todo o time do Planeta Diário está no filme, mas, fora Lois Lane, é Jimmy Olsen (Skylar Gisondo, de Uma Noite no Museu 3), o melhor amigo do Homem de Aço nos quadrinhos, que tem relevância na história, graças à sua ex, Eve Teshmacher (a portuguesa Sara Sampaio), atual de Luthor, reproduzindo papel que foi de Valerie Perrine nos Superman de 1978 e 1980.
Aliás, o embate entre Lois e Kal-El durante uma entrevista nos dá um vislumbre do que o jornalismo deveria ser, especialmente em tempos de fake news e veículos de informação com agendas políticas.