A intenção da dupla Marcio Reolon e Filipe Matzembacher fica bem clara desde os primeiros minutos de Tinta Bruta, nos familiarizar com o isolamento do protagonista, tão dependente do mundo virtual e que vai enfrentando uma série de batalhas no mundo real, desde um processo criminal pelo qual responde até a viagem da irmã “para o outro lado do país”.
Morador de Porto Alegre, Pedro (Shico Menegat) é um performer que se apresenta via webcam realizando shows sensuais onde costuma se lambuzar com tinta neon para um público cada vez menor. Fica visível que Pedro não leva jeito para a coisa, com atuações desanimadas e robóticas, nada excitantes.
Em certo momento da história ele descobre que há outro performer imitando seu estilo. É quando Pedro conhece e se envolve com Léo (Bruno Fernandes), seu plagiador, que sua vida ganha um refresco, mas nem mesmo as mais intensas cenas de teor sexual e as apresentações da dupla parecem tirar Pedro de seu estado emocional abalado.
Este plot como introdução ao personagem é perfeito, somos levados ao mundo incômodo de Pedro, que sofreu bullying e reagiu de maneira violenta, por isso seu isolamento e dificuldade em se relacionar, mas é angustiante que tudo o que ocorre com ele pareça uma forma de martirizá-lo e nos fazer ter pena dele.
Acaba sendo cansativo e depressivo o excesso de eventos ruins que acontecem com Pedro, como afasta-lo de pessoas boas e lhe negar alguns apoios (a irmã viaja e some, a avó parece alheia ao que acontece com ele e a juíza de seu caso é complicada).
Com isso, parece que a história não sai do lugar e apenas esperamos a próxima desgraça acontecer, é negada a Pedro qualquer superação ou bem-estar e, ao final, quando há um resquício de liberdade, não é possível compreender ou enxergar de onde Pedro tirou tal força.
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