Review | Turma da Mônica: Laços

Com diversas adaptações live-actions surgindo no cinema nos últimos anos, o público cada vez mais tem imaginado histórias de sua infância nas telonas, desde os desenhos – a expectativa em cima do live-action de Caverna do Dragão frustrou muitos ao verem que era apenas um comercial – aos quadrinhos.

A versão live-action da Turma da Mônica até que demorou a sair, e foi surfando na nova onda que Hollywood lançou – e que nosso cinema comercial parece sempre seguir – que o sonho de Maurício de Sousa, enfim, se concretizou – como o próprio disse na coletiva de imprensa que aconteceu logo após a exibição do longa para a imprensa, na qual foi chamado de Stan Lee brasileiro por um dos jornalistas presentes.

Com direção de Daniel Rezende (Bingo: O Rei das Manhãs) e roteiro de Luiz Bolognesi e Thiago Dottori, baseado na graphic novel Turma da Mônica: Laços de Vitor e Lu Cafaggi, finalmente, o sonho, não só de Mauricio, mas de muitos brasileiros, se realiza.

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O roteiro segue a mesma base da graphic novel dos irmãos Cafaggi. Da noite para o dia, Floquinho, o cachorro de pelos verdes de Cebolinha (Kevin Vechiatto), desaparece sem deixar vestígios, eis então que, acompanhado dos amigos Mônica (Giulia Benite), Cascão (Gabriel Moreira) e Magali (Laura Rauseo), ele decide partir à procura do cão e juntos irão descobrir laços de amizade tão fortes que eles nem se davam conta de que existiam.

Com uma produção caprichada, que vai desde o cuidado com o figurino e a fotografia ora ensolarada, quando no bairro do Limoeiro, e ora obscura, quando à noite na floresta, Turma da Mônica: Laços consegue transpor bem a aura tanto dos gibis quanto da graphic novel para a tela de cinema.

Por mais que alguns atores não se assemelhem fisicamente por completo com os personagens, tudo vale quando se trata de uma adaptação e essa acaba sendo uma tecla que nem vale a pena ser batida quando percebemos como todos estão muito à vontade em seus papéis e como a própria direção de Rezende consegue criar momentos em que cada um deles pode expor as características tão marcantes de cada um, desde a Magali que confunde um objeto com algo de comer, a força e pontaria de Mônica ao jogar o Sansão nos meninos, o medo da água e a desconfiança de Cascão e as inúmeras tentativas de Cebolinha em criar um plano infalível.

Vale destacar também como o roteiro de Bolognesi e Dottori improvisa bem, gerando uma das cenas mais belas e oníricas do longa, o encontro entre Cebolinha e o Louco (Rodrigo Santoro), com diálogos estranhos, complexos e difíceis de uma criança absorver, mas que agora entram na cabeça dos adultos como talvez não entrassem quando estes liam os gibis.

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Ser por um lado o roteiro improvisa bem, por outro lado o longa não sai do lugar-comum e falta coragem para fazer a Turma da Mônica ser realmente dela e não do Cebolinha; por ser uma adaptação entende-se como uma adaptação fiel à graphic novel, mas um pouco de ousadia não faria mal a ninguém.

Repleto de referências aos personagens secundários dos gibis – alguns também aparecem na graphic novel da mesma forma – Turma da Mônica: Laços é uma volta nostálgica a uma época da vida em que ser criança era se reunir para se aventurar e fortificar os laços de amizade sem saber que o fazíamos. Há uma certa ingenuidade no ar que permeia boa parte do longa, mas são momentos como o encontro com o Louco e a breve crítica à indústria cosmética que dão um ar mais adulto à trama e fazem do filme uma aventura para toda a família.

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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