Review | Twisters

A verdade é uma só, mas você talvez não esteja preparado(a) para ler isso: nós amamos clichês e os veneramos, incentivamos e aplaudimos. Sabe aquela sensação de déjà vu tão comum nas produções para streaming e cinema na atualidade? É puro suco de clichê – que deixou de ser apenas hollywoodiano para ganhar novos mercados.

Twisters, em cartaz nos cinemas, é apresentado como o novo capítulo do blockbuster Twister, lançado em 1996 e que encantou o mundo com efeitos especiais que somente a Industrial Magic & Light do mago George Lucas (Star Wars) poderia oferecer. No entanto, nem precisava disso.

Salvo algumas referências ao filme original, Twisters poderia seguir seu próprio caminho. No entanto, nada disso interfere na experiência, que é simples, porém muito satisfatória.

Vamos à sinopse: Daisy Edgar-Jones (Um Lugar Bem Longe Daqui) interpreta Kate Cooper, ex-caçadora de tempestades traumatizada por um encontro devastador com um tornado durante seus anos de faculdade, que agora pesquisa padrões de tempestades pelo computador em segurança na cidade de Nova York.

Ela é então ‘resgatada’ pelo amigo Javi (Anthony Ramos, de Em um Bairro de Nova York) para testar um sistema de rastreamento inovador. Em Oklahoma, mesmo cenário do filme original, encontra Tyler Owens (Glenn Powell), imprudente astro das redes sociais, caçando tempestades ao lado de sua tripulação barulhenta.

À medida que as tempestades se intensificam, Kate e Tyler protagonizam a maior luta de suas vidas, já que diversos tornados estão convergindo para o centro de Oklahoma City.

Semelhanças

Se você assistiu Twister, reconheceu toda esta sinopse. A briga entre rivais, a necessidade de ‘entender’ os tornados. A catástrofe iminente. Está tudo lá. O diferencial reside na escolha dos protagonistas.

Daisy Edgar-Jones se dá bem como a ex-caçadora traumatizada. É simples entender seus motivos para não querer mais. Mas é na figura de Glenn Powell que reside a força do filme. Aparentemente canastrão, o astro de Todos Menos Você e Assassino por Caso, que se destacou em Top Gun: Maverick, vai ganhar seu coração.

Isso porque seu personagem é interessante e – olha o clichê – é muito mais do que você imagina. E quando o desastre se aproxima, é que você poderá conhecê-lo melhor.

Porém, esse ‘mais do mesmo’ ganha força com a química entre o casal (clichê) e com os efeitos especiais que mostram os tornados de pertinho. É realmente apavorante observar a força destes fenômenos da natureza. O sentimento é o mesmo de quando assisti o original nos cinemas. Sim, eu sou jovem, mas tenho bagagem (clichê).

Se Twisters não é exatamente algo novo a se experimentar no cinema, é muito competente no que se propõe. Seus protagonistas são interessantes, suas motivações são suficientes e observar tornados de perto é tentador.

Hollywood mantém sua fascinação por filmes de desastre resgatando um clássico que poderia ter sido deixado em paz, mas foi trazido de volta com o devido respeito. Por isso, não se preocupe em assistir Twister antes, não é necessário. Basta tomar fôlego e encarar esta aventura.

Parte deste êxito reside também no roteirista e diretor Lee Isaac Chung, indicado ao Oscar por Minari: Em Busca da Felicidade. Suas câmeras são precisas e os encantos de seus protagonistas são bem explorados, fazendo dos coadjuvantes meros observadores. E olha que, entre eles, está David Corenswet, protagonista do futuro Superman: Legacy – este sim, canastrão ao extremo neste Twisters.

Por isso, independente de ter sido assistido ao filme original ou não, esta nova aventura merece sua atenção. E na tela do cinema fica ainda melhor, observando o poder da natureza de perto. E com mais este clichê, termino aqui minha avaliação.

 

PS: razoalvemente bem nas bilheterias, o filme estreou no Brasil uma semana antes que nos Estados Unidos. Talvez, tentando fugir do novo filme da Marvel que se aproxima, um tornado que deve varrer as bilheterias… desculpa, outro clichê!

Fábio Alexandre http://www.nerdinterior.com.br

No jornalismo desde 2000, já passou por diversas redações, sempre envolvido com a cultura de Indaiatuba (SP) e Região Metropolitana de Campinas (RMC). Fã de cinema, games, séries, literatura e histórias em quadrinhos, é co-editor do portal Nerd Interior!

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