Em 2006, aos 16 anos, o jovem Vinicius Gageiro Marques (de pseudônimo Yoñlu) cometeu suicídio assistido via internet; enquanto navegava em um fórum, Vinicius recebia dicas de como fazer para que o ato fosse menos doloroso e mais rápido. Após sua morte, foram encontradas diversas composições musicais de sua autoria, além de desenhos e pinturas que Vinicius fazia. Um jovem artista com talento, mas que teve um fim abrupto.
O que motivaria um garoto tão jovem a fazer isso? Para quem não conhecia Vinicius, pode parecer um absurdo ele ter tirado a vida tão cedo e de forma tão brusca, mas ao assistir ao longa dirigido por Hique Montanari, percebemos a tormenta que afligia sua mente.
Yonlu é uma viagem confusa e delirante, quase que alucinógena, à mente de Yoñlu (Thalles Cabral). Não há bem um roteiro, nós somos Vinicius/Yoñlu e vamos entendendo mais ou menos o que se passava em sua cabeça num momento tão crítico.
Não se trata de um filme convencional, mas uma experiência melancólica e nada fácil. A carga depressiva que o diretor Montanari consegue transpor às telas, ilustrada por imagens feitas pelo próprio Yoñlu e entoada por músicas também da autoria deste, fazem com que a produção torne-se extremamente difícil, podendo causar até mesmo mal-estar aos mais sensíveis.
Não vemos Vinicius interagir com amigos, parentes ou colegas, seus únicos momentos de interação social eram via internet, com membros do fórum que frequentava – retratados por pessoas com os rostos escondidos atrás de folhas de papel, uma maneira bastante original de representar os avatares virtuais – inclusive, várias das frases originais daqueles que o incentivaram a cometer suicídio são repetidas no filme.
Com alguns excessos, como as cenas dispensáveis com o psicólogo e a entrevistadora, Yonlu, ainda assim, se mostra um filme que não tenta chocar apenas devido à delicadeza de seu tema e nem mesmo servir de alerta a um público mais jovem (como visto na recente série da Netflix, Os 13 Porquês). Seus ideais são bastante pessoais, fazendo desta experiência uma relação bastante íntima que criamos com Yoñlu e Vinicius.
Optando por não romantizar o fato e tampouco demonizar Vinicius, Hique Montanari faz em Yonlu um cinema experimental e um mergulho em uma mente perturbada, deixando para o espectador o veredito final.
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