Na próxima sexta-feira, dia 26, o Topázio Cinemas, por meio do Cineclube Indaiatuba, recebe uma sessão especial de Pacificado, lançado recentemente no País. O longa ganhou prêmios no Festival de San Sebastian (Melhores Filme, Fotografia e Ator); Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (Prêmio do Público de Melhor Filme de Ficção Brasileiro); Festival de Primavera de Vigo (Melhor Filme); Festival Internacional do Novo Cinema Latinoamericano de Havana (Melhores Filme, Atriz e Diretor); entre outros.
A exibição acontece no Cine Topázio do Polo Shopping às 19h30 e contará com a presença da produtora Paula Linhares, moradora de Indaiatuba, e integrantes da equipe ainda não confirmados.
Ambientado no 2016 dos Jogos Olímpicos de Rio e finalizado em 2019, quando fez o circuito dos festivais internacionais, Pacificado chega só agora às salas de cinema, não só por conta da pandemia, mas porque tinha como distribuidora original a Fox, que nesse meio tempo foi adquirida pela Disney, que passou a distribuir o longa.
Paula Linhares trabalha para que o filme obtenha a indicação brasileira ao Oscar, uma ambição perfeitamente viável pelas qualidades da obra, mas que depende de outras variáveis que tem pouco a ver com mérito. Caso consiga representar o Brasil na corrida pelo mais importante prêmio do cinema, Pacificado terá um divulgador de peso na Academia de Hollywood: Darren Aronofski, diretor de Réquiem para um Sonho e Cisne Negro, é outro dos produtores.
A trama tem um ponto de partida semelhante ao de Tropa Elite: novamente, durante um evento internacional no Rio, as Olimpíadas de 2016, há uma pacificação para inglês ver, mas o hiato está chegando ao fim. Ao mesmo tempo, o ex-líder da favela do Morro dos Prazeres, Jaca (Bukassa Kabengele), sai da prisão após 14 anos, gerando expectativa em sua filha Tati (Cassia Gil), que nunca o conheceu; e na comunidade, que vive um regime de terror com o novo chefe Nelson (José Loreto).
A história começa focada na vida da adolescente no morro; mas logo se volta ao ex-dono da favela, que agora só quer viver em paz mas é constantemente solicitado a resolver pendengas de vizinhos, que ainda enxergam nele uma liderança. Como no jovem Vito Corleone de O Poderso Chefão II, o poder não é apenas uma questão de força, mas de respeito conquistado, e Bukassa encarna essa autoridade silenciosa até mesmo fora de seu habitat, como na cena em que faz com que o médico do SUS deixe a burocracia de lado para ajudar seu irmão Dudu (Raphael Logan).
Ao mesmo tempo, Tati vive em conflito com a mãe Andréa (Débora Nascimento), uma drogadicta que faz pequenas vendas de cocaína para sobreviver, e tem na bisavó Dona Preta (a veterana Léa Garcia) seu refúgio afetivo.
O diretor Paxton Winters é um americano que viveu três anos no Morro dos Prazeres, depois de cobrir a Copa de 2014 como fotojornalista. Ao mesmo tempo que é um filme brasileiro de fato, não deixa de contar com um certo olhar de fora, centrando-se nos personagens e nem tanto no contexto do entorno. Ao mesmo tempo a tensão constante que vira cotidiano e o terror dos tiroteios das operações policiais estão ali, vividas não por quem atira, mas por quem se esconde para não levar uma bala perdida.
As atuações são um capítulo à parte, como já foi dito sobre Bukassa, imerso no dilema de Jaca, entre a busca pela paz de espírito e a consciência; a estreante Cássia Gil, que faz de sua doce Tati alguém com quem nos importamos ao longo do filme; Débora Nascimento. desglamurizada para viver a perdida Débora; e Léa Garcia, que empresta sua dignidade de grande dama das artes cênicas à Dona Preta, referência familiar de todos os personagens principais.
A produção é esmerada, com destaque para a premiada fotografia de Laura Merians Gonçalves, e a direção sensível de Winters.
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