Novidade na grade da plataforma de streaming Paramount+, Setembro 5 foi indicado ao Oscar 2025 de Roteiro Original. Para os desavisados, a data se refere ao atentado contra a delegação de Israel por parte da facção Setembro Negro, da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), durante as Olimpíadas de Munique em 1972.
Mas o filme do suíço Tim Fehlbaum (A Colônia) não foca no ataque terrorista em si, e sim na cobertura ao vivo pela rede americana ABC. A equipe de jornalismo esportivo foi pega totalmente de surpresa – assim como todo o planeta – e de repente tinha o maior furo jornalístico até então caindo no seu colo.
Foi o primeiro acontecimento do gênero a ser transmitido ao vivo, e quase tudo teve que ser improvisado.
Para começar, a direção queria coordenar a cobertura dos Estados Unidos com a equipe de jornalismo internacional, o que foi contestado pela chefia no local, que fez seu principal repórter esportivo, Jim McKay, ficar ao vivo durante 14 horas ininterruptamente.
O McKay que aparece no filme é o próprio, porque foram usadas as filmagens originais da ABC.
As limitações tecnológicas eram enormes. Para se ter uma ideia, não havia câmeras de vídeo portáteis: as filmagens no local, como as competições olímpicas, eram feitas em película 16 milímetros, levadas ao estúdio, reveladas e daí transmitidas via satélite.
No caso do atentado, havia uma dificuldade a mais: a polícia alemã, que isolou a Vila Olímpica, tinha que ser driblada para que os registros fossem feitos. A fotografia, direção de arte e figurinos também nos leva de volta à televisão de cinco décadas atrás.
Elenco
No elenco, os nomes mais conhecidos são os de Peter Sarsgaard, que participou do último Batman; e Ben Chaplin, de Além da Linha Vermelha. Esse cast ajuda também a dar uma ‘cara’ quase de documentário ao longa.
No final das contas, o o que passou a ser conhecido como Massacre de Munique resultou em 17 mortes: seis treinadores e cinco atletas israelenses, um policial alemão e cinco terroristas do Setembro Negro.
Como conseguência direta do atentado, a então primeira-ministra de Israel, Golda Meir, ordenou que o Mossad caçasse e eliminasse todos os envolvidos.
Isso não está neste filme, mas em Munique, de Steven Spielberg, que se encerra com uma imagem das Torres Gêmeas do World Trade Center.
O título Setembro 5 se refere a como os americanos se referem ao mega-atentado de 2001, Setembro 11.
Vale a pena conferir para, além do registro histórico, conhecer detalhes do jornalismo praticado na época e dos desafios desta profissão que, muitas vezes, é desacreditada – e descredibilizada.