Chegou ao Prime Video o musical Wicked, indicado a 10 Oscars, dos quais venceu dois, o de Design de Produção e Figurino. Trata-se da adaptação da peça da Broadway montada pela primeira vez em 2003, e que se tornou o espetáculo mais vezes apresentado na meca do teatro musical. Parte 2 do longa vai estrear dia 28 de novembro.
O libreto de Winnie Holzman, com canções compostas por Stephen Skwartz, é baseada num romance de 1995 escrito por Gregory Maguire, que por sua vez era inspirada nos personagens de O Mágico de Oz, de L. Frank Baum. Conta a história de Elphaba (Cynthia Erivo, que recebeu sua segunda indicação ao Oscar de Atriz pelo papel) a futura Bruxa Má do Oeste, que nasceu verde por causa do abuso que a mãe fez de um licor alcoólico daquela cor (Jagermeister?) durante a gravidez. Mas junto com a aparência diferente, que a fez ser repudiada pelo pai, governador, a garota também tinha poderes mágicos.
Anos depois, quando ela acompanha sua irmã Nessarose (Marissa Bode, que é cadeirante como a personagem) à Universidade de Shiz, ela conhece a professora feiticeira Madame Morrible (Michelle Yeoh, vencedora do Oscar de Atriz por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo), que, ao reconhecer os poderes Elphaba, logo também a matricula na escola.
Inadvertidamente, ela acaba tendo como colega de quarto a popular e mimada Galinda (a popstar Ariana Grande), com quem inicialmente não se dá bem, Essa parte do roteiro parece Meninas Malvadas com mágica, especialmente depois que um príncipe, Fiyero (Johnathan Bailey, de Bridgerton), dá as caras. Para surpresa de ninguém, Galinda cai por ele e o galã acaba se interessando por Elphaba, que está focada nos estudos para se habilitar a encontrar o Mágico de Oz para pedir um desejo.
Mas há algo de podre no reino do mago de araque (como todos os que viram o clássico de 1939 sabem), que até então congregava humanos e animais falantes. Estes começa a desaparecer misteriosamente, e tem no professor bode Dillamond (voz de Peter Dinklage, de Game of Thrones, no original) um de seus líderes. A perseguição aos bichos inteligentes éidentificada por Elphaba, ela mesmo discriminada por sua aparência. O fato da atriz Cynthia Erivo ser preta gera uma nova camada na narrativa quando ela se identifica com os bichos, e a perseguição aos animais falantes para que eles se restrinjam às funções de pets ou trabalhadores, tem uma repercussão óbvia no momento atual dos EUA, especialmente na atuação à la Gestapo das forças policiais de Oz.
A reviravolta final, na qual sabemos como Elphaba vira uma pária em Oz, é bastante previsível, e dá um gancho para a continuação. Apesar de algumas canções terem entrado na cultura pop, especialmente Gravity, nenhuma é particularmente memorável, e a direção de Jon M. Chu (Podres de Ricos) não ajuda muito. Cynthia Erivo eleva a protagonista com sua atuação, e ainda canta sem ficar abaixo da profissional Ariana Grande, conhecida pela versatilidade e coloratura da voz. É atriz? Não, mas pode evoluir na segunda parte, quando sua personagem deve amadurecer. Entre os coadjuvantes, Michelle Yeoh confirma que Cate Banchett merecia ganhar o Oscar há dois anos e Jeff Goldblum como o Mágico de Oz atua com sua presença e a persona cinematográfica que estabeleceu nos últimos anos.
Por ser uma parte 1, é uma obra inacabada, e vamos ter que esperar até novembro para saber como isso vai acabar. A não ser que você tenha visto a peça em cartaz que conta toda a história.