Se você tem mais de 25 anos de idade com certeza já deve ter jogado ou ouvido falar do clássico Elifoot – um dos mais famosos managers de futebol a passarem pela terra onde Charles Miller fez escola. Sua interface simples e jogabilidade nada complexa, cativaram milhares de jogadores pelo Brasil e mundo afora – apaixonados ou não pelo esporte.
Agora em 2017, exatos 30 anos do lançamento da primeira versão do jogo para PC, o Nerd Interior bateu um papo com o lusitano criador do jogo, André Elias – e a conversa você confere logo a seguir.
Nerd Interior – Como é que surgiu a ideia para o primeiro Elifoot? E como se deu o processo de criação dele?
André Elias – O Elifoot foi feito inicialmente para eu jogar. Em 1987 não havia qualquer jogo de “Futebol Manager” para múltiplos jogadores, nem com times realmente controlados por computador, nem jogos onde pudesse haver troca de técnicos. Assim, criei o Elifoot. Inicialmente tinha 16 técnicos em 16 times, e os demais eram controlados por inteligência artificial, que dava os primeiros passos na altura ao que se juntavam um ou mais técnicos “humanos”. Desta forma, eu jogava sozinho contra 15 jogadores, acrescentando ainda os que estavam desempregados e que serviam para trocar com os que eram despedidos.
Aqui no Brasil, ao menos, as versões posteriores do Elifoot fizeram bastante sucesso, e tem fãs até hoje em dia. Você conseguiu efetivamente fazer dinheiro com os jogos? Além de dinheiro, o que mais o Elifoot lhe proporcionou (experiências, amizades, viagens)?
O Elifoot é um prazer imenso há 30 anos para cá. Tem alguns custos que são compensados pelas receitas. A experiência de relacionamento com os fãs e jogadores é muito gratificante. Ainda recordo com saudade o tempo em que o registro era pedido por carta e vinha escrito com letra de criança.
Conte-nos um pouco mais sobre você: quem era o André Elias na época do lançamento do primeiro Elifoot (o que fazia, idade, quais as intenções com o jogo), e quem é o André Elias hoje?
Na época, no verão de 1987, tinha terminado o 12º ano do ensino básico e estava aguardando entrada na Universidade. Me licenciei em Engenharia e Gestão Industrial, fui consultor, desenvolvedor, programador e analista de sistemas de telecomunicações móveis e comércio eletrônico. Hoje tenho 47 anos e sou piloto comercial de aviões, auditor, empresário e continuo desenvolvendo o Elifoot.
E o André Elias gamer, como é? De que tipos de jogos gostava, gosta?
Gosto principalmente do Elifoot (risos). No século passado jogava bastante, principalmente jogos de futebol e alguns de aventura.
São 30 anos de lançamento da primeira versão do Elifoot. Você está pensando em algo para comemorar essa data?
A nova versão Elifoot 17 para Android, PC e Mac OSX já está no mercado com bastante sucesso. Se seguirá a versão para iOS, que provavelmente já estará disponível quando esta entrevista for publicada. Tem várias novidades em relação à versão anterior (16), e que na realidade são características das versões antigas para Windows 98 como a idade, aposentadoria e comportamento de jogadores. Quem não lembra do “caceteiro” e do “sarrafeiro”?
Alguma vez o desenvolvimento do Elifoot lhe trouxe algum problema – com times, torcedores e jogadores representados no game?
Todos gostam muito e há vários relatos de times “reais” e técnicos inspirados no Elifoot. Os torcedores é que por vezes se zangam quando as imagens postadas na página oficial do Elifoot no Facebook não tem seu time na classificação que mais gostariam. Mas a vida é mesmo assim…
Qual a sua relação com o Brasil? Já esteve por aqui? Tem contato com fãs brasileiros?
Me desloco ao Brasil várias vezes por ano, normalmente ao nordeste. Os fãs têm contato por várias vias: minha página pessoal e oficial no Facebook, o Site Oficial ou e-mail. Todos os dias tenho e-mails e mensagens para responder.
Tem alguma curiosidade, história estranha ou bizarra envolvendo Elifoot para nos contar?
Apesar de meu time em Portugal ser encarnado (Benfica), meu coração no Brasil vai para o Palmeiras. Isto porque, nos anos 90, os torcedores rivais apresentaram uma faixa no topo do estádio com os dizeres “PALMEIRAS CAMPEÃO SÓ NO ELIFOOT”. Hoje já não é verdade (risos).
Trabalha ou já trabalhou no desenvolvimento de mais algum outro jogo?
De momento, tenho me dedicado só ao Elifoot. Já fiz outros pequenos jogos por graça, mas no âmbito apenas pessoal.
Como é o reconhecimento do seu jogo aí em Portugal? Sabemos que aqui no Brasil o jogo fez muito sucesso… e como foi aí em seu país? E o que você acha que levou o jogo a fazer mais sucesso aqui no Brasil do que em outros países?
O Elifoot fez um grande sucesso nos países lusófonos desde 1990, mas só em 1996 é que tive conhecimento que era uma “febre” no Brasil. Era o único jogo em língua portuguesa e isso foi a chave do sucesso no mundo lusófono.
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