Review | Overcooked 2

A diversão por meio do caos é uma proposta um tanto quanto estranha. Afinal, a razão nos faz acreditar que uma coisa só é divertida se estamos completamente dentro de uma zona de conforto, porque é com o que nos é familiar que conseguimos relaxar e aproveitar algo como se deve. Tudo que seja fora disso e que cause atrito tende a se tornar uma experiência que pode ser tudo, menos divertida.

Mas então, olhando pela visão de dentro da indústria dos jogos, surgiram os party games e toda essa “teoria” foi colocada a prova. Como é que o caos e a desordem poderiam transferir alegria para um indivíduo? Em 2016, quando Overcooked foi lançado, a Team17 (que na época era composta por apenas duas pessoas) mostrou como e, agora, em 2018, com Overcooked 2, prova que quanto mais caótico, melhor.

Assim como no primeiro título, a história da sequência não requer a sua atenção. Ela está aqui apenas para dar algum propósito – mesmo que tolo – para as maluquices que estão por vir. Como chef, sua missão é alimentar um exército que está defendendo o querido Reino da Cebola da invasão de vilões que são pães mortos vivos…. É isso.

A principal diferença deste segundo título para seu antecessor e o ingrediente que mais incrementa todo o potencial de diversão de Overcooked 2 é a chegada do tão aguardado multiplayer online, com modos de História, Arcade e Versus. O primeiro possuía somente multiplayer local e foi uníssona a reclamação dos jogadores, que pediam a inserção do modo para unirem-se aos seus amigos distantes. Neste segundo jogo, a Team17 ouviu as preces.

Desafios e mais desafios

É nítido que a desenvolvedora teve como meta manter os desafios propostos no primeiro jogo, mas ao mesmo tempo, eleva-los a um outro patamar com a adição de mecânicas simples, mas que trouxeram uma nova visão de como abordar as situações de cada cenário. E a mecânica que mais se destaca é, nada mais, nada menos, do que poder arremessar ingredientes de um lado para o outro no cenário. A novidade, aliada a cenários novos que incentivam os jogadores a usá-la e a interagir com outros objetos como alavancas para possibilitar que um amigo consiga realizar algum ato, deixa as situações muito mais fora de controle e é uma pitada de tempero (desculpa, não resisti) a mais no caos que já era proposto no primeiro jogo.

Pode parecer pouca coisa, mas lançar alimentos contribuiu para outro ponto positivo: mais criatividade, ousadia e desafios nas fases. Algumas foram desenhadas especificamente para que os jogadores usem a exaustão a nova mecânica, construindo obstáculos que interagem entre o jogador e o próprio cenário. Tudo fica ainda mais caótico quando, no meio da fase, algo acontece e a cozinha se modifica totalmente. Todo o aprendizado que você obteve até ali é jogado no lixo e, quando o caos (olha ele aí novamente) parecia estar sendo controlado, ele volta ainda mais forte.

Joga fora no lixo

Por falar em lixo, algo que acontecia frequentemente no primeiro jogo era você acabar descartando um ingrediente sem querer , já que os controles não eram assim uma preciosidade de precisão. Aqui, eles estão refinados e não há mais chance de você errar a tábua de cortar por alguns centímetros e acabar jogando aquela carne novinha em folha direto pro aterro. E, claro, tomar umas chamadas dos seus amigos cozinheiros, obviamente.

Há novas receitas e modos de cozinhar em Overcooked 2. As velhas sopas e hambúgueres continuam, mas conforme se avança nas fases os desafios ficam ainda mais difíceis com receitas de sushi, sashimi e macarronada, e utensílios novos como batedeiras e panela de pressão. As novas receitas incluem mais processos para o preparo dos alimentos o que aumenta, adivinhem, o desafio de cada fase.

Mais mecânicas, mais receitas, mais processos. Tudo isso significa mais desafios e maior dificuldade, certo? Não necessariamente. Talvez em razão do feedback dos jogadores, que em determinados momentos do primeiro jogo tinham a diversão substituída por raiva e frustração, tamanha a dificuldade de se conseguir as estrelas necessárias para liberar novas fases. Aqui, em Overcooked 2, a obtenção delas foi facilitada. Não foi difícil conquistar três estrelas (o máximo) em fases já um pouco avançadas do jogo, o que confesso me deixou, vejam só, um pouquinho frustrado (não dá pra agradar mesmo né?).

Por fim, por ser tanto focado em multiplayer e as interações entre seus jogadores, Overcooked 2 definitivamente não foi feito para ser jogado sozinho, mesmo possibilitando tal situação. Os controles são confusos e controlar dois personagens ao mesmo tempo não é o ideal para a proposta do jogo. Enquanto você faz algo com um personagem, o outro fica ocioso, parado. Este problema poderia ser solucionado dando o controle de um dos personagens ao computador. Mas não faça isso, o online está aí para te fazer feliz.

 

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Overcooked 2 foi lançado em 7 de agosto e está disponível para PS4, Xbox One, Nintendo Switch e PC.

Este review foi produzido com uma cópia de Xbox One cedida pela assessoria de imprensa da Team17.

Rodrigo Gatti http://www.nerdinterior.com.br

Jornalista que não faz mais jornal. Nem é tão nerd, já que sabe até dançar. Lembra com avidez da época em que alugava De Volta para o Futuro nas famigeradas locadoras. Filho da era 16 bits, tem saudade do tempo em que sua maior preocupação era saber se o combustível do carro vermelho em Top Gear iria durar até o final da corrida. Hoje, seu maior problema é pagar contas com o salário de jornalista.

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