Review | Resident Evil 2 Remake

Se todos os remakes fossem assim!

A evolução da franquia

Foi em janeiro de 1998 no saudoso e amado Playstation 1 que o mundo adentrou pela primeira vez na delegacia de Raccon City, fugindo do persistente e assustador Tirano. Não podemos esquecer do casal de cientistas William e Annete e a doce e pura Sherry, filha do casal.

A franquia Resident Evil manteve a essência de horror de sobrevivência até Code Verônica. Após Resident Evil 4, foi transformando-se em um jogo de ação. Em 2018, resolvi atualizar a “lista da vergonha” zerando o 4 e 5 e isso me ajudou a entender a importância que foi para a franquia trocar sua jogabilidade.

Antes, as áreas eram fixas – como se fossem uma foto -, com o personagem caminhando entre as telas. Depois, tivemos a câmera ombro, numa visão em terceira pessoa. Tudo muda: a perspectiva, a imersão, o modo de jogo, era disso que a franquia precisava para sair do mais do mesmo e deixar para trás aquela jogabilidade datada e insossa.

Mas ainda me faltava alguma coisa, aquilo não era como os títulos que eu jogava na minha infância. Cadê as horas de desespero, os sustos, as fugas? Esse foi o problema: ao se assumir como um jogo de ação, Resident Evil perdeu sua essência.

O renascimento

A Capcom inteligentemente lançou Resident Evil 2 Remake em 25 de janeiro de 2019 para Playstation 4, Xbox One e PC com tecnologia 4K, abusando do horror de sobrevivência, mas também nas mecânicas e jogabilidade que conhecemos em Resident Evil 4. Assim que assisti ao primeiro trailer, sabia que compraria aquele jogo em seu lançamento. Depois de experimentar o gameplay na Brasil Game Show 2018, passei a fazer a contagem regressiva.  

Este remake traz excelentes gráficos que garantem a imersão. É como estão em um filme de terror, com passos, grunhidos e portas rangendo. Todos os detalhes são muito ricos e confesso que há tempos não tomava tantos sustos. Nem mesmo com Resident Evil 7, que classifico como uma tentativa de emular títulos como Outlast, Slender e Layers of Fear.

A Jornada

Logo de início, você deve escolher entre Leon ou  Claire, e assim como no original, o jogo conta com quatro finais distintos. Jogando com Leon A e Claire B, ou Claire A e Leon B. Sendo o A como a primeira campanha e o B como a perspectiva do outro personagem, ao mesmo tempo dos acontecimentos da campanha principal.

Esse foi o único jogo da franquia com essa proposta. Vimos algo parecido em Resident Evil 6, que também conta com quatro campanhas, mas que devem ser jogadas em determinada ordem para que as histórias se interliguem.  

Chegamos então ao que podemos chamar de único ponto negativo desse remake. Leon e Claire passam por caminhos distintos na maior parte do tempo, porém, sempre interligados. Por exemplo: Leon entra pela porta da frente, enquanto Claire aparece pela lateral. A pergunta que faço é: se o Leon passou antes, porque eu tenho que procurar de novo a chave, executar os mesmos puzzles, e realizar o mesmo caminho?

Fiz a primeira campanha com o Leon e optei pelo modo B da Claire. Tudo que percebi foram cartas e fotos deixadas pelo Leon,me explicando fatos e com informações relevantes. Todos os puzzles que fiz com Leon, repeti com Claire, e isso deixa um enorme buraco na trama. No primeiro desafio do jogo, das estátuas, quem recolocou os medalhões em seus respectivos lugares? Esperava pelo menos algumas passagens abertas, uma vez que estava repetindo a história.

Uma coisa que no começo passa despercebido, mas depois vira um hábito, é examinar os itens que se localiza durante as jornadas. Acreditem, vale (muito) a pena. Existem coisas que deixei passar por não ter examinado os itens adequadamente.

Zombies 2.0?

Na minha opinião, a maior evolução do jogo – por mais incrível que pareça -, não se concentra nos maravilhos gráficos 4k, mas sim nos inimigos.

Os zumbis representam verdadeiros desafios. Quem pensa que vai dar um tiro na cabeça e ser feliz, deve ter assistido muito The Walking Dead. Aqui o buraco é mais embaixo. Atire nas pernas para mutilá-las e deixá-los rastejando, derrube seus braços para impossibilitá-los de te agarrar, ou caso prefira, atire bem no estômago com a shotgun e irão quebrá-los ao meio. Mas não pense que isso os eliminará. 

Os cachorros foram os que mais me chamaram atenção. Eles pulam grades, passam por buracos para te alcançar. Deixaram de ser chatos para se tornarem um alvo a ser abatido com certo cuidado. Além disso, os carnífices ou lickers (em inglês) estão de volta e mais fortes que nunca. Confesso que, quando possível, preferia fugir. 

E lembram daquela planta estranha no jogo original? Ela está mais bem detalhada e – agora sim -, é possível entender o significado daquilo. Sem falar no destemido e assustador Tirano, a arma de destruição em massa. Não adianta: a partir de nosso primeiro contato com ele, a pulsação aumenta. Ele escuta sua respiração e não tem nada que você possa fazer. ELE NÃO MORRE!

Fechando com chave de ouro!

Assim que você termina os dois modos de jogo, são abertas quatro novas opções. O primeiro, intitulado O 4º Sobrevivente, revela uma quarta figura que sobreviveu ao holocausto. Outros três modos paralelos contam como seria de três personagens que você encontra durante sua jornada sobrevivessem. 

A customização está mantida no jogo, inclusive, com roupas novas. São quatro disponíveis para Leon ou Claire, e esse número aumenta depois de terminar o jogo. Recentemente, uma DLC gratuita foi lançada, possibilitando jogar com os personagens do jogo original. Vale ressaltar que tem a mesma opção para os áudios, ou seja, é possível jogar com os sons originais de 1998.

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Este review foi produzido com cópia do jogo para Xbox One, cedida pela assessoria de imprensa da Capcom no Brasil.

Vitor Santos

Contador de tudo, menos de piadas. Ex-professor de violão e dança de salão, hoje samba para conseguir jogar nas horas vagas. Filho da era 8 bits, depois de percorrer todas as gerações até enraizar-se no Xbox One.

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