Em meados de 2002, ano em que dividia meu tempo entre o ensino médio, um curto primeiro emprego, e tentava decidir que rumo tomar em minha vida – ainda sofrendo com as provas de física do professor Eloy – tive meu primeiro contato com o Muse.
Ainda sem muita informação sobre a banda, em uma época em que a fonte mais acessível a artistas que estavam fora do mainstream eram os downloads pelo Kazaa, um colega de trabalho possuía uma playlist bastante peculiar, e entre diversos nomes menos conhecidos por aqui, como Days of the New, Apocalyptica e Lacuna Coil (pra citar alguns), uma música em específico me chamou a atenção. Tratava-se de Showbiz, do primeiro disco de mesmo nome da banda britânica Muse, música que é uma de minhas favoritas até hoje.
O tempo passou, a banda se tornou uma das maiores bandas de rock do mundo, vieram turnês mundiais, outros excelentes discos e a oportunidade de vê-los ao vivo seis vezes (até agora).
Dito isso, fica claro que minha relação com a banda não é apenas de dar opinião a respeito de um lançamento, mas sim de um disco que ouço praticamente desde seu lançamento e um dos responsáveis por me fazer querer aprender a tocar um instrumento e trabalhar no meio musical.
Apesar de ainda ficar em dúvida quanto a ser o melhor disco da banda (Showbiz e Absolution também têm um lugar especial no meu coração), Origin of Symmetry é com certeza um divisor de águas na carreira da banda, trazendo uma mostra do que o trio seria capaz.
Estão ali algumas das melhores composições de Matt Bellamy (guitarras/pianos/vocais), assim como algumas das melhores performances instrumentais de Bellamy, Dom Howard (bateria) e Chris Wolstenholme (baixo).
Hullaballoo, o CD/DVD ao vivo captado durante a turnê do disco é a prova de como a era “OoS” é uma das mais cruas e honestas da banda, ainda sem as grandes produções em seus shows, mas com qualidade e energia inigualáveis.
Por isso, a comemoração de 20 anos de seu lançamento é tão simbólica. Ao contrário dos 20 anos de Showbiz, cujas “comemorações” se resumiram a voltar a tocar algumas de suas músicas ao vivo (coisa que não aconteceu por muito tempo, visto que a banda vinha ignorando o disco e suas músicas em suas turnês há alguns anos). E, em tempos onde os shows deixaram de acontecer, nada melhor do que revisitar os arquivos originais e remixá-los, dando a eles uma nova roupagem.
Resultado disso é o lançamento de Origin of Symmetry XX Anniversary Remix, disponível nas plataformas digitais a partir de hoje, e que também será lançado em vinil no dia 9 de julho.
Apesar de para alguns parecer bobeira, o remix de OoS traz nuances e detalhes que soam impressionantes em alguns momentos, como em Micro Cuts, New Born, Futurism, Feeling Good, Space Dementia, Megalomania e na sempre incrível Citizen Erased (para citar as que mais me surpreenderam).
Detalhe: nenhuma parte foi regravada ou refeita, o que apenas ressalta a qualidade de todo o trabalho feito pela banda 20 anos atrás, além de também renovar seu material gráfico, trazendo releituras de sua arte original.
Em resumo, Origin of Symmetry XX Anniversary Remix nos leva a um novo olhar a seu disco mais importante, trazendo seu material a uma nova era, onde a tecnologia tem cada vez mais tomado lugar, inclusive pela própria banda em seus últimos lançamentos.
Sendo assim, o relançamento é uma forma de mostrar aos fãs mais atuais do que eles são capazes de forma mais “crua”, e também trazer uma nova perspectiva aos fãs de longa data. Por isso, o relançamento não descarta nem desvaloriza o já clássico disco lançado 20 anos atrás, mas traz ainda mais relevância ao mesmo.
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