Aos 68 anos de idade, morre Akira Toriyama, autor de Dragon Ball

O mundo da cultura pop acordou mais triste nesta sexta-feira, ao saber da partida do mangaká Akira Toriyama, que faleceu no último dia 1º de março, aos 68 anos de idade.

Autor do fenômeno mundial Dragon Ball, além de obras como Dr. Slumo, Sandland e de seu envolvimento em games como Chrono Trigger, Tobal, Blue Dragon e a série Dragon Quest, teve sua morte divulgada uma semana após o ocorrido – tradição abstante comum no Japão, como forma de respeito ao luto da família.

A causa da morte, conforme consta em nota oficial no site oficial da franquia Dragon Ball, e que você confere na integra logo a seguir, foi um hematoma subdural agudo — um acúmulo de sangue entre o cérebro e seu revestimento externo.

 

Nota de falecimento

“Caros amigos e parceiros, estamos profundamente tristes em informar que o mangaká Akira Toriyama morreu no último dia 1° de março devido a um hematoma subdural agudo, aos 68 anos.

E com grande pesar que percebemos que ele ainda tinha várias obras em andamento, com grande entusiasmo. Além disso, havia muitas outras coisas para conquistar.

No entanto, ele deixou muitos títulos de mangá e obras de arte para este mundo. Graças ao apoio de tantas pessoas ao redor do mundo, ele pôde continuar suas atividades criativas por mais de 45 anos. Esperamos que o mundo único de criação de Akira Toriyama continue sendo amado por todos por muito tempo.

Informamos esta triste notícia, com agradecimento pela gentileza durante sua vida.

O funeral foi realizado com sua família e poucos parentes, seguindo seu desejo de tranquilidade, informamos respeitosamente que não aceitaremos flores, presentes de condolências, visitas, oferendas e outros. Além disso, pedimos que você evite realizar entrevistas com sua família.

O plano futuro para o encontro comemorativo não está decidido, avisaremos quando for confirmado. Agradecemos profundamente pela sua compreensão e apoio, como sempre.

8 de março de 2024

Bird Studio

Capsule Corporation Tokyo”

 

Vida e obra de Akira Toriyama

Akira Toriyama foi um renomado mangaká japonês, nascido em 5 de abril de 1955, em Kiyosu, Aichi, Japão. Ele é mundialmente conhecido por criar obras icônicas do mundo dos mangás e animes, sendo o criador de “Dragon Ball”, uma das séries mais populares e influentes da história.

Toriyama iniciou sua carreira como mangaká em 1978, com a publicação de sua primeira obra, “Wonder Island”, na revista Weekly Shonen Jump. Ele ganhou destaque com a série “Dr. Slump”, que foi publicada de 1980 a 1984 e se tornou um grande sucesso no Japão, conhecida pelo seu humor irreverente e personagens carismáticos.

No entanto, foi com “Dragon Ball”, lançado em 1984, que Toriyama alcançou o estrelato internacional. A série acompanha as aventuras de Son Goku, um jovem guerreiro com cauda de macaco, enquanto ele viaja pelo mundo em busca das míticas Esferas do Dragão, que concedem um desejo quando reunidas. “Dragon Ball” se tornou um fenômeno cultural, gerando uma franquia multimídia de grande sucesso, incluindo séries de anime, filmes, jogos de vídeo game e uma legião de fãs ao redor do mundo.

Além de “Dragon Ball”, Toriyama também é conhecido por outras obras, como “Dr. Slump”, “Sand Land”, “Neko Majin” e “Jaco the Galactic Patrolman”. Seu estilo de desenho único, combinado com sua habilidade de criar histórias envolventes e personagens memoráveis, o tornaram uma figura lendária no mundo dos mangás e animes.

 

Para muito além das sete esferas do dragão

Mais do que reverenciar a obra e contribuição de Toriyama para a cultura pop mundial, ultrapassando todas as barreiras do idioma e da cultura, acredito que vale aqui deixar meu relato sobre o quanto a arte de Akira é essencial em minha vida.

Quando criança, tive contato com a obra do mestre no SBT, que transmitia nas manhãs a saga original de sua maior criação, Dragon Ball. Aquela mistura de aventura, bom humor e personagens pra lá de carismáticos me fez cair de paixão, mesmo sendo um quase pré-adolescente no final da década de 90. Dali em diante, foi só “ladeira acima”.

Alguns anos depois pude conhecer Dragon Ball Z nas tardes da Band – que, inicialmente, eu nem imaginava que fosse continuação direta daquela aventura que tinha me apaixonado há alguns anos.

Em seguida, drogas mais pesadas: acompanhava religiosamente os mangás lançados pela Conrad aqui no Brasil. Queria mais e mais.

Além de todas as fanfics digitais da época das cavernas da internet (incluindo o famoso Dragon Ball AF), também consumia os jogos de Super Nintendo, Mega Drive e afins. Alguns  bons, outros nem tanto, mas o que valia mesmo era poder me reencontrar com aqueles personagens com quem dividi boa parte de minha vida.

E como dividi: em muitos momentos, os saiyajins eram os melhores amigos que eu tinha. Para não transformar isso em uma sessão de terapia, vale só dizer que eles me acompanharam quando não havia muitos outros por ali.

E não bastando tudo isso, ele tinha que estar envolvido em um dos jogos que mais amei nessa vida torta: Chrono Trigger, a obra-prima máxima do JRPG. Seus traços, inconfundíveis, deram vida a mais alguns personagens virtuais que saíram das telinhas do Super Nintendo e emuladores e pegaram em minha mão para afagar momentos solitários.

Hoje, continuo assistindo esporadicamente eísódios da obra que já acompanhei, de cabo a rabo. Quando houve a exibição do mais recente Dragon Ball SUper, fiz questão de acompanhar seu lançamento de forma religiosa. Parece mentira, mas não é: o último episódio, que gerou festa pelo planeta todo, foi lançado no dia do meu aniversário. Tinha que ser uma comemoração de mais um ano de vida ao lado de Goku e sua trupe.

Tenho na pele marcada essa paixão – duas vezes, vale dizer.

No entanto, ela está cravada de verdade em minha alma, em meu ser.

Mais do que “porradinha”, Dragon Ball (e o Akira) me ensinou a continuar. Me ensinou a seguir, por mais forte que seja o inimigo. Me fez rir, me fez chorar. Mas me fez companhia e me fez feliz, e é isso que jamais vai sair de mim.

 

Muito obrigado, Akira Toriyama. De coração.

Alexandre Fernandes

Pai do Yuri Rafael, sou só um cara de meia idade que reclama bastante, mas não ao ponto de perder o bom humor. Nostalgia é meu sobrenome, e sim: gosto muito de cultura pop, filmes, séries, música, animes e mangás, videogames e tudo isso aí que faz um nerd. Mas não sou nerd, eu juro.

Leia também...

Mais deste Autor!

+ Ainda não há comentários

Add yours