Desde sua aposentadoria como ator em 2008, Clint Eastwood se dedicou ao trabalho de direção com filmes voltados a contar histórias de grandes feitos de americanos, como J. Edgar, Sniper Americano e Sully: O Herói do Rio Hudson. Eastwood nunca deixou de esconder seu lado republicano e seu amor pelas armas e pelo exército, e encontrou na história de três rapazes de Sacramento, Califórnia, a oportunidade perfeita de prestar essa homenagem de maneira bastante pessoal em 15h17 – Trem para Paris.
Sua tentativa de deixar tudo ainda mais natural e real foi quando resolveu escalar os próprios rapazes que impediram uma tentativa de atentado em um trem que seguia para Paris, em 2015, onde um membro do Estado Islâmico portava um fuzil AK47 e centenas de cartuchos, destinado a fazer várias vítimas.
Tal escolha poderia ser genuína, porém não faz muito sentido quando notamos que os rapazes Spencer Stone, Alek Skarlatos e Anthony Sadler não tem talento algum para atuar. Quando os três estão juntos, os diálogos são péssimos e feitos em um tom de premonição, “eu estou aqui por um bem maior” ou “não devemos ir para Paris”, que parecem forçadas e sempre soam piegas demais.
Eastwood deve ter percebido que Spencer Stone era o menos pior dos três rapazes, por isso, ele é o mais explorado e tem mais tempo de tela. Porém, tirando as cenas do treinamento de Stone no Exército, todas as demais cenas do longa não têm nada muito significativo.
Eastwood arrisca ao fazer uma edição que alterna entre a infância e vida adulta dos rapazes, com pequenos flashes do fatídico dia no trem, mas o longa nunca parece ter o tom de urgência que a situação necessita. Já sabemos o que vai acontecer e o que conhecemos da infância e juventude dos rapazes é extremamente raso.
Quando o horário das 15h17 chega, já vimos tantas cenas do terrorista e tantas outras de ação, que a única coisa diferente que conferimos é o atendimento de Spencer a um dos feridos. Muito pouco. Eastwood falha feio em 15h17 – Trem Para Paris, pois ao tentar dar um ar intimista à história de amizade entre os três jovens, faz tudo isso parecer um registro de viagem, com várias cenas dos três rapazes viajando pela Europa tirando selfies, em danceterias e hostels.
Ao final, parece que contar a história não faz muito sentido – ao menos da maneira que foi. Seria preciso um roteiro mais apurado, para que estes personagens reais pudessem não parecer apenas três armas humanas do exército americano. Vai ver é por isso que Eastwood gostou.
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