O único motivo que justifica a existência de A Sentinela é sua estrela Olga Kurylenko, atriz ucraniana radicada na França, que tem uma história de vida parecida com a de sua conterrânea Milla Jovovich. As duas cresceram na pobreza da ex-URSS e conseguiram escapar dela graças à beleza, fazendo carreira como modelo e depois no cinema.
Olga já contracenou com Tom Cruise em Oblivion, mas é mais conhecida como a única Bond Girl principal que não foi para a cama com 007, no pior filme estrelado por Daniel Craig, Quantum of Solace.
Interpretando a subtenente Klara, uma combatente de linha de frente do exército francês, ela se queixa com a irmã da nova posição, dizendo que foi a primeira de sua classe e que fala cinco idiomas, uma referência à própria atriz, que de fato é fluente em ucraniano, inglês e francês e se vira no italiano e espanhol. E a esta altura da carreira, talvez esteja buscando se firmar no segmento de ação, assim como outras beldades com mais de 40, como Milla e Charlize Theron.
O pano de fundo é a Operação Sentinela, surgida após os atentados em Paris de 2015, que deslocou cerca de sete mil militares para a garantir a segurança civil. A inciativa vem sendo muito criticada, e após tornar os próprios soldados alvos de ataques, fez com que muitos deles se demitissem do serviço.
Esse contexto interessante é deixado de lado e o roteiro se concentra no transtorno pós-traumático de Klara, após um evento que acontece logo na abertura do filme (e que se você reparar bem, faz de militares e terroristas um bando de amadores).
Deslocada a contragosto para a Operação Sentinela e de volta ao lar, já na primeira vez que sai para a balada com a irmã Tania (Marilyn Lima, de Uma Sereia em Pais), esta desaparece e é encontrada em coma na praia após ter sido estuprada e agredida.
Clichês
Aí, os clichês se sucedem: o principal suspeito é o filho de um poderoso empresário – russo, para variar – que tem passaporte diplomático e é intocável pela polícia. Lógico que a bem treinada heroína vai partir para a vingança com sangue nos olhos.
Mas não sem antes cometer erros e trapalhadas provocadas pelo roteiro pouco verossímil. Furtividade nem passa pela cabeça dela, que invade o que se supõe ser um palácio bem guardado, em plena luz do dia.
E o diretor Julien Leclerq ainda tem pendores de cinema de arte (apesar de ter trabalhado com Van Damme em Lukas), focando o trauma de Klara e subsequente perda de controle em planos modorrentos e tediosos, especialmente para um filme de ação. É tudo tão genérico que o próprio vilão, interpretado por Michel Nabokoff, é um Christoph Waltz das categorias de base.
O final deixa janelas para continuações e novas empreitadas de Klara como vigilante, mas se o bom senso dos assinantes da Netflix prevalecer, isso não vai acontecer.
Fuja!
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