Review | Deadpool 2

Quando o assunto é cinema, o maior desafio dos estúdios é lançar uma sequência que consiga manter o êxito de seu antecessor, e claro, arrecadar tanto quanto ou mais nas bilheterias. A lógica sempre foi: se aquela produção “barata” (para os padrões hollywoodianos) atingir o público e a crítica – e render (muito) dinheiro – então está liberado investir em sua sequência.

Mas nem sempre a lógica impera. Após o sucesso de bilheteria do primeiro Deadpool (2016), fazer uma sequência de baixo orçamento que superasse as expectativas do público parecia um grande desafio. Assim, o diretor Tim Miller acabou demitido por exigir um orçamento três vezes maior que o anterior, o que foi prontamente negado pelo estúdio.

A solução encontrada foi contratar David Leitch (Atômica e John Wick – Um Novo Dia para Matar), um ex-coordenador de dublês com vasta experiência em Hollywood e que tem despontado como ótimo diretor de filmes de ação. John Wick também ganhou uma sequência elogiadíssima e Atômica conta com um dos planos-sequência mais incríveis dos últimos anos.

Envolvê-lo em um projeto tão audacioso como Deadpool parecia uma boa sacada dos produtores, carregando consigo a novidade que esta sequência precisava: cenas de ação bem coreografadas. Por isso, é difícil não entrar no mérito, e é uma pena que Deadpool 2 não tenha planos-sequência ou cenas de ação tão empolgantes quanto seus filmes anteriores. Não que a pancadaria seja ruim, mas, particularmente, esperava mais.

Fórmula

Se o primeiro longa funcionava por vermos o mercenário tagarela zoando vilões, outros heróis e sendo politicamente incorreto, nesta sequência tudo isso é ampliado. A novidade se foi, mas isso não importa. As piadas são atuais – como no trailer em que a remoção de certo bigode é citada –, mas também poderiam ser perigosas, transformando Deadpool em um Todo Mundo em Pânico dos filmes de super-heróis.

No entanto, toda essa esculhambação faz muito bem ao filme. O tom de humor continua afiado. Ryan Reynolds está efetivamente ajustado ao papel e a zoação com o Universo Estendido DC, com os próprios X-Men, com o vilão Cable (Josh Brolin, de Vingadores: Guerra Infinita) e com os demais companheiros de jornada de Deadpool continua presente (creio que até funcionando melhor do que no primeiro filme). Tudo graças à manutenção da dupla de roteiristas, Paul Wernick e Rhett Reese.

Aliás, a chegada dos novos personagens é o destaque desta sequência. Josh Brolin está muito bem como Cable (praticamente um T-100 de O Exterminador do Futuro), a bela Zazie Beetz rouba a cena como a sortuda Domino, e os integrantes da X-Force…  bem, é melhor ver por si mesmo.

Resumir do que o filme se trata não cabe aqui, os spoilers poderiam escapar, por isso, vá ver o filme sabendo pouquíssimo de sua trama. Há grandes surpresas durante o longa, que vão te empolgar. E fique até, pelo menos, metade dos créditos finais, pois nesses poucos minutos estão reservadas algumas das melhores cenas da sessão.

Como disse lá no começo, talvez aqueles que esperavam cenas de ação marcantes (meu caso), se decepcionem um pouco. Mas o fato é que não dá para não rir das piadas de Deadpool. Resta saber se haverá fôlego para um terceiro filme, principalmente se os produtores mantiverem a fórmula de tirar sarro dos demais filmes do gênero. Por outro lado, é importante lembrar que haverá muito material pela frente, pelo menos por um bom tempo.

[wp-review id=”8362″]

Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

Leia também...

Mais deste Autor!

+ Ainda não há comentários

Add yours