Antes de qualquer comentário, confesso que assisti Jolt: Fúria Fatal esperando encontrar em sua protagonista uma versão feminina de John Wick, interpretado por Keanu Reeves. No entanto, se a bela e competente Kate Beckinsale já comprovou ser ótima em filmes de ação, como na franquia Anjos da Noite, neste lançamento da Amazon Prime Video faltam elementos que nos levem a acreditar no inusitado problema enfrentado por Lindy e, principalmente, em suas motivações. Por mais absurdas que sejam, como no caso de John Wick.
Vamos à sinopse: Lindy (Beckinsale) é uma mulher bonita e sarcasticamente engraçada com um segredo doloroso: devido a um raro distúrbio neurológico ao longo da vida, ela tem impulsos assassinos esporádicos cheios de raiva que só podem ser interrompidos quando ela se choca com um eletrodo especial criado por seu terapeuta (Stanley Tucci, de Convenção das Bruxas).
Incapaz de encontrar amor e conexão em um mundo que teme sua condição bizarra, ela finalmente confia em Justin (Jai Courtney, de O Esquadrão Suicida) por tempo suficiente para se apaixonar, mas o encontra morto no dia seguinte.
Com o coração partido e enfurecido, ela embarca em uma missão cheia de vingança para encontrar o assassino, enquanto também é perseguida pela polícia como principal suspeita do crime.
Motivação
Tudo bem, motivação não é o ponto forte da estreia de John Wick em De Volta ao Jogo (2014). Para quem não se lembra, a jornada de vingança do protagonista começa quando ladrões matam seu cachorro, único elo de ligação que restava com a falecida esposa de John Wick.
Em Jolt: Fúria Fatal, depois de uma breve introdução sobre a condição de Lindy, fica difícil compreender como, em tão pouco tempo, ela se apaixonou tão loucamente por Justin. Tudo bem, o rapaz foi gentil e tudo mais, porém, ainda parece muito pouco para se dar início a uma caça aos verdadeiros culpados pelo assassinato.
O distúrbio neurológico de Lindy, grande ‘diferencial’ do filme, também é pouco explorado e serve apenas como gatilho para as cenas de ação. No entanto, o limite da protagonista poderia ser melhor abordado, já que muitas das coisas que a irritam no dia a dia, irritam muita gente também (eu, inclusive). Em uma continuação, seria interessante se aprofundar nesta questão, ir além da simples conotação do ‘não gosto, eu quebro’.
Piadinhas
Aqui, o filme se distancia mais um pouco de John Wick, com algumas piadas estrategicamente inseridas em seu roteiro. Algumas são legais, outras desnecessárias. Um exemplo? Enquanto enche um grandalhão caído ao chão, sentada em seu peito, Lindy comenta quando é obrigada a parar: “Que pena. Se o pomo-de-adão fosse um pouquinho maior, seria até gostosinho”. Oi?
O que quebra ainda mais o ritmo do filme é o detetive vivido por Bobby Cannavale, que parece se apaixonar por Lindy à primeira vista (ele também?) e ataca de galanteador piadista enquanto decide se deve ajudá-la ou prendê-la. Sua parceira (Laverne Cox) parece mais centrada, mais serve apenas para apanhar ou fazer rir (a cena no berçário é medonha).
Quando chega ao final, Jolt: Fúria Fatal já não impressiona mais. Porém, a última cena deixa claro que Lindy deve voltar em breve. Espera-se que com um roteiro melhor e mais cenas de ação. Estarei lá para conferir, novamente.
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