Por que as guerras acontecem?
Alguns citam motivos religiosos e políticos, outros dizem que é da natureza humana. O Insulto também crê em tudo isso, mas aqui, vemos que o maior motivo para que as diferenças virem uma guerra é o orgulho.
Com foco em dois homens, um palestino refugiado e um cristão libanês, a história do filme tem início quando o cristão Tony (Adel Karam, de Caramelo) é insultado na mais boba das situações. Se a princípio é difícil entendermos porque um xingamento banal – que parece ter sido feito “da boca pra fora” – pode mexer tanto com alguém, a história vai calmamente nos mostrando como funcionam as tensões no Oriente Médio.
O filme tem seu calcanhar de Aquiles justamente ao entregar ao espectador diálogos expositivos demais sobre os conflitos daquela região, num didatismo exagerado, enquanto poderia ser bem mais sutil. É pena que esse recurso é pouco utilizado, mas quando acontece é muito simbólico e eficaz, principalmente quando os dois homens pedem ajuda a seus futuros advogados.
O cristão Tony vai até um escritório e senta em uma mesa repleta de advogados, sendo que um deles, o que irá pegar o seu caso, é um figurão preconceituoso de nome Wajdi (Camille Salameh, de Ghadi). Por outro lado, o refugiado libanês Yasser é visitado por uma advogada em sua casa.
O filme também fica muito desinteressante nas cenas de tribunal. São longos discursos que podem funcionar para nos ambientar sobre os constantes conflitos entre cristãos e muçulmanos, mas que tiram o protagonismo dos dois homens e de seus dramas por muito tempo, fazendo deles apenas peças naquela guerra.
Talvez isso seja até natural, já que o diretor Ziad Doueiri (O Atentado) quer mostrar como uma discussão banal tomou proporções maiores, a nível nacional, e que os homens não têm mais controle daquela situação, exatamente como numa guerra. Mas isso pode ser encarado como outro problema, já que a quebra de ritmo nessas cenas é gritante, mesmo que venham acompanhadas de certo humor, principalmente com o advogado Wajdi.
O Insulto é bastante efetivo em mostrar como uma simples situação, que poderia ser resolvida pacificamente entre dois homens adultos, toma rumos absurdos, principalmente por dois motivos: orgulho e preconceito, mas sempre com o passado tão conturbado daquela região em pauta.
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