Review | O Justiceiro (1ª temporada)

Após três incursões no cinema com três atores diferentes (Dolph Lundgreen, Thomas Jane e Ray Stevenson), finalmente Frank Castle encontra seu intérprete: Jon Bernthal, antes mais conhecido como o Shane, de The Walking Dead. O que parecia evidente na segunda temporada de Demolidor, se consolida nesta série solo d’ O Justiceiro. E é um dos melhores produtos da parceria da Netflix com a Marvel.

Dito isso, é bom alertar o espectador desavisado: é violento pra chuchu, às vezes quase no nível de Jogos Mortais. Com uma diferença significativa: quem sofre as maiores barbaridades são os inimigos de Frank Castle. Ou seja, seguindo a escola Quentin Tarantino, torture os malvados para que a plateia participe e se regozije com a carnificina.
A série começa com o Justiceiro terminando sua vingança contra os assassinos de sua família. Ele se esconde num trabalho braçal e repetitivo, no qual, um dia, como era de se esperar, a encrenca vem bater à sua porta. Logo ele descobre que o trabalho que ele achava terminado pode nem ter começado, que os verdadeiros culpados pela sua tragédia ainda estão à solta e impunes.

Além da conhecida Karen Page (Debora Ann Wolf, de True Blood), outros personagens são agregados na história, alguns familiares aos fãs das HQs do anti-herói, como Billy Russo (Ben Barnes, de Westworld) e Micro (Ebon Moss-Bachrach, de Girls). A agente da NSA, Dinah Madani (a inglesa Amber Rose Revah, de O Dublê do Diabo) conduz uma investigação boicotada pelos seus superiores, e que vai acabar colidindo com as ações de Castle.

Além da boa ação, especialmente na matanças conduzidas pelo Justiceiro, a série aborda de forma séria temas contemporâneos como o abandono dos veteranos do Iraque e Afeganistão, estresse pós-traumático, terrorismo doméstico nos EUA , vazamento de informações tipo Wikileaks e Snowden e agências governamentais agindo como gangues criminosas. Outro ponto forte da trama é a construção da parceria entre o protagonista e Micro, codinome do foragido David Lieberman, e da relação da família que o último teve que abandonar com Castle, que enxerga nela a sua própria, perdida no tiroteio que ele achava aleatório.

Há alguns erros de roteiro, mas nem de longe chegam perto dos equívocos e barrigas, aqueles momentos encheção de linguiça, de Os Defensores, Luke Cage e, principalmente, Punho de Ferro. O episódio 10 se destaca pelo formato “Rashomon”. Não é 100% bem conduzido, mas é uma ousadia.

 

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Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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