Review | Os Estranhos: Caçada Noturna

É estranho – sem trocadilhos – que a continuação de um filme de terror volte aos holofotes dez anos após o lançamento do primeiro filme, mesmo que pareça completamente deslocada. Qual a real necessidade? Acrescenta algo construtivo à história ou trata-se apenas de mais um caça-níquel?

Os Estranhos fez certo sucesso em 2008. Era a estreia de Bryan Bertino (que assina esta continuação como roteirista) na direção, tinha Liv Tyler como protagonista e era uma espécie de Violência Gratuita, de Michael Haneke, com uma pegada de homenagem ao gênero que funcionou muito bem.

No entanto, Os Estranhos: Caçada Noturna foge completamente da proposta de seu antecessor ao abandonar o estilo home invasion e partir para um mix entre o thriller e o slasher com muito corre-corre e gritaria.

O diretor Johannes Roberts (Medo Profundo) talvez seja o menor dos “culpados”. O roteiro de Bertino é repleto de clichês: exatamente por se tratar de uma sequência (tardia), é praticamente imperdoável copiar tudo o que fora feito no filme anterior – e em diversos outros do gênero – sem sequer um sopro de originalidade. Fica aquela pergunta: qual a finalidade da produção, se não agrega nada a seu antecessor e muito menos ao gênero?

Falta identidade ao longa e o resultado final parece ser apenas uma tentativa de surfar na vibe do filme antigo, o que também não faz sentido, já que uma década se passou. Johannes Roberts até consegue bons takes – tem uma cena fantástica e angustiante na piscina – e cria um clima carpentiano com a trilha sonora de Adrian Johnston. Mas tudo isso sempre soa como cópia e vai se esvaindo com o passar do tempo.

O ato final de Os Estranhos: Caçada Noturna é a gota d’água e “ensina” como se perder em tantos elementos genéricos. A charmosa e bela Christina Hendricks (Drive) serve apenas de chamariz, deixando o protagonismo do filme para a limitada Bailee Madison (Não Tenha Medo do Escuro), que chama muito mais atenção por sua camiseta da banda Ramones do que qualquer outra coisa.

Por fim, aqueles que poderiam salvar a produção também decepcionam: os vilões estão completamente apagados e nem se comparam ao do filme original. Enfim, são o retrato fiel do que este filme é: esquecível e apagado.

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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