Review | Rampage: Destruição Total

Duas ‘fórmulas’ parecem dar o tom neste início de 2018 no cinema. A primeira envolve filmes que se baseiam ou cultuam os games, como Jogador Nº 1, de Steven Spielberg, e o novo Tomb Raider – A Origem, com Alicia Vikander no papel principal. A segunda envolve o astro do filme que iremos debater na sequência: Dwayne ‘The Rock’ Johnson.

O ator, que já havia estrelado o divertido Jumanji: Bem-Vindo à Selva, volta aos cinemas em uma aventura que os mais ‘experientes’ irão lembrar com certo saudosismo e que também envolve videogames. Estamos falando de Rampage: Destruição Total, baseado no game lançado em 1986 e que fez a alegria de muitos jogadores em consoles como Atari, Atari 2600, Atari 7800, Atari Lynx, Sega Master System, NES, Commodore 64, IBM PC, Nintendo 64, Gamecube, Xbox e PlayStation 2, entre outros.

O longa – que ganhou o subtítulo Destruição Total em alusão ao título que o jogo recebera para PlayStation 2, Rampage: Total Destruction – é dirigido por Brad Peyton, velho parceiro de Dwayne Johnson, com quem trabalhou em Viagem 2: A Ilha Misteriosa (2012) e Terremoto – A Falha de San Andreas (2015).

Em Rampage: Destruição Total, The Rock é Davis Okoye, um primatologista que tem grande carinho e cuidado pelo inteligente gorila George. Após um desastre em uma plataforma no espaço, diversas amostras de um experimento de uma empresa genética que contém um patógeno caem na Terra, fazendo com que George sofra uma modificação em seu DNA, ficando extremamente agressivo e crescendo consideravelmente dia após dia. Caberá a Okoye, com a ajuda da engenheira genética Kate Caldwell (Naomie Harris, de Extermínio), tentar salvar seu amigo antes que ele destrua toda a cidade.

Coube a quatro roteiristas o trabalho de transportar o jogo para as telonas e, se o roteiro não é dos melhores, a história tem certos elementos que se destacam. Ciente de seus exageros, Rampage: Destruição Total conta com a excelente participação de Jeffrey Dean Morgan, que vive um cowboy do exército, praticamente uma extensão do personagem que o consagrou em The Walking Dead. As cenas em que ele confronta um alto comandante são tão exageradas que não tem como não se divertir com as feições do militar, que não quer dar o braço a torcer.

Além de Dean Morgan, a dupla de irmãos por trás da empresa genética que criou o tal patógeno que modifica o DNA dos animais, vivida por Malin Åkerman (Watchmen) e Jake Lacy (Armas na Mesa), é a mais estereotipada e caricata possível, servindo como isca perfeita para ‘receber’ nosso ódio e nos fazer vibrar com o final de ambos.

Galhofa

O grande acerto de Rampage: Destruição Total, se o compararmos com dois recentes filmes já citados aqui (Tomb Raider e Jumanji), é que seu humor é muito mais galhofa e aceitável em sua proposta. Em Tomb Raider, o humor é quase inexistente, e em Jumanji, perde o tom por diversas vezes. Em Rampage, as piadas em tom pejorativo, geralmente entre a dupla principal (The Rock e o gorila), são ótimas.

Mas o que se esperar de um filme catástrofe, se não destruição? Mesmo carregando um Destruição Total no seu subtítulo, o filme falha em trazer todo este impacto e nível de ameaça para o espectador. O problema é a demora em sermos apresentados às tais ameaças que irão assolar Chicago e o tempo perdido com personagens que se mostravam importantes ou promissores, como é o caso de Joe Manganiello (o futuro Exterminador da DC nos cinemas), um contratado da empresa genética para eliminar os animais que é mal aproveitado. O mesmo acontece com Breanne Hill (Dominação), esquecida com o desenrolar da história.

Sobra para Rampage: Destruição Total ganhar força em um terceiro ato que faz jus ao seu subtítulo, com boas cenas de ação onde os monstros fazem valer a grana gasta com os bons efeitos especiais. O sempre carismático The Rock, aliado ao gorila George, roubam todas as cenas. É até compreensível que o filme “perca” tanto tempo mostrando o laço afetivo entre ambos, que resultam em momentos emotivos, mesmo em meio aos destroços.

Em uma época onde os grandes estúdios são pressionados pelo público a produzirem cada vez mais e melhor seus universos compartilhados, Rampage: Destruição Total é uma válvula de escape não só para eles, mas também para qualquer espectador que queira assistir a um filme de ação e aventura sem que tenha que sacar todas as referências e assistir dez produções antes ou depois.

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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