Review | 007 – Sem Tempo para Morrer

Daniel Craig se despede do personagem que o colocou na prateleira de cima de Hollywood em grande estilo. 007 – Sem Tempo para Morrer é o mais longo filme de James Bond, o mais sentimental, emocional e coisa e tal. A direção de Cary Joji Fukunaga dá conta do recado, mas muitas coisas no roteiro que não se sustentam. E Rami Malek é o pior vilão que o James Bond de Craig já enfrentou – e incluo aqui Mathieu Amalric, do fraquíssimo Quantum of Solace.

Não sei se o Oscar lhe subiu à cabeça, mas em outro trabalho recente de Malek, Os Pequenos Vestígios, seus tiques irritantes também se salientam, somando-se ao fato do filme de Jonh Lee Hancock ser ruim.

Talvez a melhor coisa de Sem Tempo para Morrer seja o prólogo antes dos créditos, uma tradição da franquia, que tem a cara de 007. Depois de Billie Ellish cantar o tema principal, mergulhamos literalmente no passado de Madeleine (Léa Seydoux), no que deveria ser a chave da trama. Well…

Aposentado do MI6, mas mantendo muitos dos gadgets da agência, e vivendo na Jamaica (onde Ian Fleming criou o agente secreto), Bond é procurado pelo amigo Felix Leiter (Jeffrey Wright) e um sujeito do Departamento de Estado, Logan Ash (Billy Magnussen) para fazer um trabalhinho logo ali, em Cuba.

É quando entra em cena a segunda melhor coisa do longa: Ana de Armas como Paloma, uma agente da CIA infiltrada em Havana. A atriz, cubana de nascença, rouba a cena sensualizando, metendo porrada e trocando tiros, tudo à bordo de um vestido de noite com uma estratégica fenda. Desconfio que sua participação foi por conta de Daniel Craig, seu colega de elenco em Entre Facas e Segredos.

Temos o retorno da equipe do MI6 – M (Ralph Fiennes), Moneypenny (Naomie Harris), Q (Ben Wishaw), Tanner (Rory Kinnear) – e a introdução de uma nova 00, Nomi (Lashana Lynch, a Maria Rambeau de Capitã Marvel), que, a princípio rivaliza com Bond mas, depois, vira sua parceira. Quem também retorna é o Blofeld de Christoph Waltz. Mas, para ser sincero, precisava?

O final vai irritar o fã roots da franquia, mesmo com todas as justificativas apresentadas. Atenção para a música nos créditos.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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