O cinema europeu sempre foi um reduto de bons filmes de terror, uma vez que a atmosfera construída pelos diretores do Velho Continente é diferente do que geralmente é entregue pelo cinema hollywoodiano, muito mais comercial. O norueguês André Øvredal surgiu em 2000 com sua primeira produção, Future Murder, mas foi o filme O Caçador de Troll, de 2010, que o fez ser conhecido pelo público. Depois de alguns anos escrevendo curtas e episódios de séries que não vingaram, Øvredal tem de novo seu nome alçado ao cenário mundial com o terror A Autópsia.
No longa, pai e filho, interpretados por Brian Cox (O Chamado) e Emile Hirsch (Na Natureza Selvagem), são os proprietários de um necrotério de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Certo dia, o xerife local (Michael McElhatton, de Game of Thrones) traz o corpo de uma jovem que foi encontrada no porão de uma casa. Conforme tentam descobrir a causa da morte da jovem, estranhos acontecimentos se sucedem, trazendo pânico e colocando a vida de ambos em risco.
Como já havia dito, Øvredal é da escola europeia e isto é notado logo nos primeiros minutos de filme. Com uma sutileza no desenrolar da história, o diretor se preocupa em preparar o terreno e fazer com que tenhamos certa empatia pelos personagens apresentados. A ambientação do necrotério – dando um ar denso e sombrio ao local – também é competente, com destaque para as gavetas onde os corpos são mantidos e para as histórias que o pai conta à namorada de seu filho, afim de assustá-la.
Na primeira hora, o filme funciona muito bem e é perceptível que Øvredal tinha um bom produto em mãos. Os takes no rosto de Jane Doe (nos EUA, Jane Doe é um termo utilizado para se tratar de alguém que não se sabe a identidade) são um ótimo elemento para o terror do filme, nos dando certo pavor ao imaginar que a qualquer instante a garota poderá se levantar ou piscar os olhos.
O problema do filme fica na sua execução, parece que Øvredal se deixou dominar pelo comercial e tornou tudo exagerado demais, o que, de certo modo, faz com que todo o trabalho sutil que ele vinha construindo seja jogado pelo ralo. Faltou tato ao diretor para dar sentido à existência de Jane Doe, transformando-a em algo muito maior do que era esperado ou até mesmo prometido até então.
Com isso, o filme se torna apenas mais um exemplar medíocre do gênero e que provavelmente será esquecido em alguns anos.
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