Review | A Bailarina

Com o crescimento da Pixar/Disney, as animações têm se tornado cada vez mais frequentes em nossos cinemas, sobrando espaço tanto para as produções independentes e adultas como Anomalisa (2015) quanto para as estrangeiras e infantis como A Bailarina (Ballerina), produção franco-canadense dos diretores Eric Summer e Éric Warin (animador em As Bicicletas de Belleville) da qual vamos falar.

Situado na França do final do século 19, o filme conta a história de Félicie, uma órfã que vive em um orfanato com outras crianças, incluindo seu melhor amigo, o atrapalhado Victor. Ambos sonham em fugir dali e seguir para Paris, Félicie com o sonho de se tornar uma grande bailarina, enquanto Victor tem o sonho de ser um grande inventor. Depois de uma fuga atrapalhada, eles chegam à cidade-luz e começam uma grande aventura. Félicie consegue uma vaga (de uma maneira, digamos, não muito correta) entre as candidatas ao espetáculo Quebra-Nozes no Grand Opera e com a ajuda de uma jovem que a acolhe será treinada para enfrentar adversárias mais preparadas.

Nitidamente, a produção foca em agradar ao público infantil, a história é ágil, sem se preocupar em desenvolver tanto os personagens, a vilã é extremamente caricata – relembrando as bruxas dos filmes de princesas da Disney – e outros personagens secundários servem apenas de alívio cômico, como o galã loiro com o qual Félicie se envolve ao chegar em Paris, ou como o gordinho baixinho que vira amigo de Victor, que passa a trabalhar com suas invenções no escritório do famoso Gustave Eiffel.

A caracterização da Belle Époque é digna, podemos notar a Torre Eiffel em processo de construção, as ruas de paralelepípedos e ainda não tão cheias de Paris, as pontes sobre o Rio Sena, além da Estátua da Liberdade sendo construída para ser enviada aos EUA anos depois.

A trilha do filme conta com músicas pop, dando ainda mais ênfase ao dinamismo da produção, porém tal dinamismo acaba sendo exagerado, já que após uma disputa acirrada entre Félicie e as outras meninas para a única vaga no espetáculo, a tão esperada apresentação final dura muito pouco, sendo até mesmo frustrante os poucos segundos de dança.

A lição de moral do filme é bem clara e, mesmo que algumas atitudes de Félicie como fugir do orfanato, trapacear e fugir de treinos não sejam bem vistas por alguns olhos, consegue convencer. A adversária principal de Félicie mostra a principal lição do filme: é preciso saber perder e reconhecer isso de maneira digna. Além, é claro, de toda a mensagem envolvendo Félicie, que se dedica a seu sonho com extrema paixão.

Durante a produção, propositalmente ou não, é possível identificar algumas referências a clássicos do cinema como Titanic (cena da dança no bar entre Jack e Rose), O Túmulo dos Vagalumes (os vagalumes voando na relva durante a noite) e Um Corpo que Cai (famosa cena da escadaria). Caso identifique mais alguma, cite aí nos comentários. O saldo final é positivo e agradará principalmente o público alvo: as crianças.

[wp-review id=”4242″]

Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

Leia também...

Mais deste Autor!

+ Ainda não há comentários

Add yours