Gore Verbinski, diretor dos três primeiros filmes da franquia Piratas do Caribe e também da animação Rango, pela qual venceu o Oscar de melhor animação em 2012, se aventura mais uma vez em um gênero que praticamente o lançou ao sucesso em 2003 com O Chamado. Porém, A Cura não é um terror tradicional com sustos tal qual o filme da Samara, mas sim um thriller psicológico que instiga o espectador a se envolver com a trama. Será que consegue?
Na história escrita por Justin Haythe (Foi Apenas Um Sonho) acompanharemos o jovem Lockhart (Dane DeHaan de O Espetacular Homem-Aranha 2), um funcionário em ascensão que recebe ordens da alta cúpula da empresa onde trabalha para que viaje à região dos Alpes Suíços para trazer de volta um dos diretores da companhia que se isolou numa espécie de spa para um tratamento misterioso e nunca mais voltou. Sua volta é necessária pois sua assinatura é imprescindível para concretizar uma fusão que aliviará a situação econômica da companhia.
Tragicamente, um acidente faz com que Lockhart fique hospedado no instituto até que se recupere e, aparentemente, é bem acomodado pelo misterioso diretor Mr. Volmer (Jason Isaacs, o Lucio Malfoy da saga Harry Potter), que recebe os idosos milionários que buscam sua ajuda – e de seus estranhos métodos – para encontrarem a cura.
A princípio é praticamente impossível não se lembrar do famoso A Ilha do Medo de Martin Scorsese. Além da sinopse que lembra muito o filme com DiCaprio, a degradação do personagem de Lockhart é tão semelhante quanto, com alucinações e cenas claustrofóbicas que podem causar desconforto nos espectadores mais apreensivos. Aliás, esta é uma das poucas coisas que dá pra elogiar no filme.
Desde a chegada de Lockhart ao local, tudo o que começa a acontecer é questionado pelo jovem, porém, graças às convenções do roteiro, ele é um sortudo que sempre encontra uma pessoa no seu caminho para esclarecer suas dúvidas. Entre essas pessoas está uma paciente mais idosa, que estuda a história do instituto – onde ela encontra o material eu não faço ideia – e tem encontros às escondidas com a paciente mais jovem do local (Mia Goth) e, inclusive, leva ela de bicicleta à vila que fica nos pés da montanha onde o instituto se situa. Até mesmo ali ele consegue respostas para seus porquês.
Infelizmente o filme se prolonga demais, são 146 minutos que poderiam ser muito bem reduzidos se Verbinski não se preocupasse em inserir tantos mistérios e questionamentos a todo instante, o que acaba tornando a história repetitiva e cansativa. E isso em um filme de terror é uma falha praticamente imperdoável. O ritmo do filme cai vertiginosamente a partir de certo ponto, passando de um bom mistério para uma investigação chata e sem fim.
O trabalho de fotografia do filme é o seu grande destaque, com uma paleta de cores em tons não tão chamativos e que dão ao instituto a aura que ele precisa para se tornar um local sombrio e marcante.
Porém de nada adianta tanta estética para pouco conteúdo e, principalmente, para um final desastroso. O clímax do filme toma ares de dar vergonha aos filmes trash dos anos 80. Toda a conclusão parece ter tomado um rumo que até então o filme não parecia querer seguir, sai a dupla Verbinski e Haythe e assume a condução algum maluco aficionado por bizarrice e por causar risos involuntários na plateia. O que já não estava bom consegue terminar ainda pior.
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