A Universal Pictures divulgou recentemente que o projeto Dark Universe vai reunir grandes personagens do cinema de horror popularizados nas décadas de 1930 e 1940. Os monstros e seus respectivos filmes estarão conectados, e o primeiro a chegar aos cinemas é A Múmia.
A próxima produção agendada para 2019 será A Noiva de Frankenstein. Por enquanto o único ator confirmado no longa é Javier Bardem, que vai interpretar Frankenstein. Já o nome de Angelina Jolie surge forte para interpretar sua companheira.
Dentre as informações já anunciadas, destaca-se ainda Johnny Depp como o Homem Invisível e Russell Crowe como Dr. Jekyll – este já presente em A Múmia. O universo de monstros da Universal também deve contar com as presenças de criaturas conhecidas como Lobisomem, Drácula, O Fantasma da Ópera e até O Corcunda de Notre-Dame.
A primeira coisa que pode se dizer sobre A Múmia é que este não é um filme de Tom Cruise. Explica-se, o astro aqui serve para a história e não o contrário. Se para modernizar seus monstros a Universal está indo atrás de grandes atores, fica aqui a impressão de que eles serão apenas um chamariz para os longas, o importante mesmo será a apresentação e a consolidação dos monstros nas telas. Acostumado a protagonizar grandes produções, em A Múmia, Tom Cruise precisa despir-se de seu narcisismo e encarar a realidade, neste filme o astro serve para aproximar o espectador da tal múmia e fazer com que ela seja inserida dentro do contexto do universo planejado pelo estúdio.
Se pensado no singular, A Múmia pode convencer. É uma aventura feita sob medida para o verão americano, especialista em grandes produções – muitas delas sem cérebro, preocupadas apenas em arrecadar rios de dinheiro. Se pensada no coletivo e como uma parte de uma nova antologia nas telas, A Múmia enfrenta vários problemas e demonstra grande fragilidade em relação a outros universos já estabelecidos nas telas.
O novo A Múmia não desafia o espectador em nada, entrega tudo mastigado e o didatismo chega a incomodar, pois subestima demais o espectador. O filme tem a urgência de apresentar vários fatos, fazendo questão de lembrar por vários momentos que ele é apenas uma ponta de algo muito maior. Mesmo irritando por não assumir uma identidade própria, a promessa apresentada da criação de um universo monstro é interessante e pode ser bem promissora – se conduzida da maneira correta.
No aspecto técnico, o novo A Múmia é bem convincente. Em especial logo no começo, na cena do avião, quando o espectador é jogado dentro de uma turbulenta sequência em queda livre. O diretor Alex Kurtzman demonstra boa habilidade com os efeitos especiais, cumprindo a cota de intensidade e diversão, necessário para o filme sobreviver em meio aos demais blockbusters da temporada. Apesar da ação genuína, fica certo incomodo em relação aos planos do estúdio. Os novos filmes de monstros serão mais aventuras ou mais terror? Em A Múmia sobra aventura, o terror apresentado é genérico.
Tom Cruise sempre agarra com determinação seus personagens, os diretores percebem isso e aproveitam para sugar o máximo do ator. O problema aqui é que, em muitos momentos, Tom parece estar fora de contexto, fazendo graça na hora errada, agindo de forma confusa, fazendo com que a assimilação de seu personagem com a trama seja complicada. O mesmo pode se dizer da presença de Russell Crowe – que neste universo deve ter a mesma função de Nick Fury, personagem de Samuel L. Jackson nos filmes da Marvel. Desde que entra em cena, até quando revela sua intenção no final do filme, Russell está desconectado da trama, parece dar detalhes demais sobre o futuro, mas não agrega muita coisa para a mitologia. A múmia interpretada por Sofia Boutella apresenta boa caracterização, mas seu desenvolvimento está preso no roteiro rasteiro, que não lhe dá a devida importância.
O grande problema do filme é mesmo o roteiro. Parece que o estúdio pensou numa determinada fatia de público e não se preocupou em dar consistência a seus planos. Se a ideia vingar, A Múmia pode servir de exemplo e os próximos títulos podem não cometer os mesmos erros.
Mesmo com tantos defeitos bem aparentes, A Múmia cumpre bem seu papel se for encarada como entretenimento passageiro. Mas para aqueles interessados em algo mais, a decepção é inevitável.
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