Em seu estimado programa de televisão The Oprah Winfrey Show (1986/2011), a apresentadora Oprah Winfrey apresentava seu prestigiado Clube do Livro, que até hoje – mesmo com o fim do programa – se mantém como referência e termômetro para quem procura uma boa leitura. Tendo a indicação e o toque de Midas da apresentadora, o livro facilmente vira sensação de vendas, muito graças à credibilidade que Oprah representa na vida dos americanos.
Oprah sempre destacou a importância da leitura dando dicas de livros mais relevantes e recebendo escritores em seu programa. A Vida Imortal de Henrietta Lacks, de Rebecca Skloot, não entrou no seleto clube do livro, mas ganhou a admiração da apresentadora antes mesmo do lançamento, quando Oprah ficou sabendo da dedicação da autora para contar esta história, dedicando mais de dez anos em pesquisas. O livro acabou sendo incluindo numa lista onde se destacavam as obras mais viciantes dos últimos 25 anos.
Enxergando o potencial da obra, Oprah comprou os direitos do livro e agora, junto com o diretor e roteirista George C. Wolfe, o transforma em filme numa produção original da HBO.
Antes apenas no cargo de produtora, Oprah se viu incentivada pelo diretor a também protagonizar a produção. Insegura, tendo pouca experiência nas telas – estreou nos cinemas em 1985 sob a batuta de Steven Spielberg no drama A Cor Púrpura, sendo indicada ao Oscar, e vista recentemente em Selma: Uma Luta Pela Igualdade – a apresentadora aceitou o desafio de protagonizar o filme. Sua presença na produção deu a credibilidade necessária para essa desconhecida história baseada em fatos reais.
Henrietta Lacks (Renée Elise Goldsberry, vencedora do Tony pelo musical Hamilton) era uma pobre mulher que trabalhava numa plantação de tabaco, a mesma terra de seus antepassados escravos, e que faleceu devido a um tumor no colo do útero. Suas células foram retiradas sem o seu conhecimento e acabaram tornando-se uma das ferramentas mais importantes na medicina. As células – batizadas HeLa – foram vitais para o desenvolvimento e avanços médicos, ajudando em importantes descobertas, e consequentemente, foram compradas e vendidas através de contratos multimilionários. No entanto, a filha de Henrietta, Deborah Lacks (Oprah Winfrey), com a ajuda da jornalista Rebecca Skloot (Rose Byrne), começa uma infindável busca sobre as verdades do caso.
Rebecca Skloot, jornalista especializada em ciências, foi a fundo na pesquisa da história da personagem e sobre as células HeLa. Ao trazer a história desconhecida de Henrietta à tona, seu livro conseguiu chegar à lista de best-sellers do The New York Times em 2010, despertando bastante curiosidade sobre os fatos apresentados.
Diferentemente do livro, o filme não deseja fazer um estudo científico sobre o caso. O diretor George C. Wolfe mira a atenção no drama dos personagens e a difícil relação da família ao lidar com as descobertas do passado e as novas revelações. Ao fazer essa escolha, o filme acerta ao caprichar no drama e constrói bem os personagens e eventos, mesmo que por alguns momentos o diretor acabe pesando a mão em sequências fortemente emocionais e exageradas.
Oprah Winfrey, desprovida de qualquer vaidade e com uma caracterização acertada, encontra toda a dor da personagem e consegue um desempenho hipnotizador mostrando sua força na tela. Sinal de que fez a escolha certa ao acreditar numa história que precisava ser contada.
Lidando com questões morais e éticas, o filme caminha para uma conclusão bonita e inspiradora, dando outro significado para a palavra imortalidade. Honra também a memória de Henrietta, que mesmo sem saber, acabou salvando a vida de muitas pessoas.
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