Nos anos 90, Joel Schumacher viveu o seu auge – se é possível dizer que o diretor viveu um –, antes de se envolver nos filmes do Batman, ele já havia dirigido bons filmes como Os Garotos Perdidos e Um Dia de Fúria e foi com um pequeno filme de 1990, Linha Mortal, que Schumacher conseguiu reunir um elenco de peso que contava com Kiefer Sutherland, Kevin Bacon e Julia Roberts e começou a ganhar prestígio no cinema.
Vinte e sete anos depois o filme ganha um remake, que aqui recebeu o título de Além da Morte – o original Flatliners foi mantido –, sob direção de Niels Arden Oplev (Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres).
A premissa do filme é praticamente a mesma do original, cinco estudantes procurando renome na medicina se reúnem para um experimento onde planejam suas mortes clínicas com a ajuda dos demais colegas e logo depois são trazidos de volta, desta forma eles terão vivência do pós-morte, porém eles não sabiam que trariam algo do além vida.
O elenco deste também reúne algumas caras conhecidas do público: Ellen Page (A Origem), Diego Luna (Rogue One: Uma História Star Wars) e Nina Dobrev (da série The Vampire Diaries), além de trazer novamente Kiefer Sutherland. Apesar de Ellen Page se destacar em seu papel, não há muito a se falar do elenco quando o roteiro compromete tanto.
Talvez a ideia de trazer os jovens atores e colocá-los dentro de um hospital como estudantes de medicina tenha sido boa, já que este é um ponto fraco do original. Naquele, os personagens também são estudantes de medicina, mas devido à construção da atmosfera feita por Schumacher é difícil aceitar isso, pois pouco vemos os estudantes em um ambiente hospitalar. Digamos que este foi um ponto corrigido – ou melhorado – neste remake, porém o único.
O primeiro grande ponto que prejudica o filme é o exagero na comicidade e a falta de momentos de tensão. Ele não consegue se manter sério durante muito tempo, existe o personagem bobalhão que só está ali para fazer piada a todo instante, enquanto o personagem que parece realmente ter algo a mais e trazer boas reflexões não tem grande força narrativa, essa montanha-russa acaba tirando o espectador do sério.
Enquanto o original se concentrava na ideia de trazer pesadelos do passado de cada um dos estudantes em forma de alucinações, algo que os forçava a procurar sua redenção, neste remake os estudantes parecem voltar superdotados da morte passageira – as cenas em que os estudantes são questionados pelo professor vivido por Sutherland e tem as respostas na língua ou gastam energia correndo, transando, festejando e quebrando paredes são péssimas e mostram o nível de ridicularidade que o filme se propôs a chegar.
Devido a esses excessos e por não focar no que realmente importa, este acaba sendo um remake descartável que pouquíssimo agrega ao original. Mesmo que aquele tenha envelhecido mal, devido à atmosfera característica dos anos 90, pelo menos havia certa coerência em seu roteiro, algo que falta aqui.
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