Review | Alien: Covenant

Em 1979, Ridley Scott lançou Alien e aquele que viria a ser um dos clássicos do terror e da ficção científica. Devido ao grande sucesso do longa, outros filmes foram sendo lançados posteriormente – Aliens, Alien 3 e Alien – A Ressurreição – sempre dando continuidade ao trabalho de Scott, com visões distintas devido às mudanças na direção de cada longa. Nem todos caíram nas graças do público e crítica, principalmente os dois últimos, por isso mais nenhuma sequência foi produzida.

Em 2012, Prometheus marcou a volta de Scott ao universo Alien. O filme tinha a ideia de funcionar como um prelúdio ao original, ou seja, narrar os fatos anteriores a este e explicar a origem do Space Jockey e do xenomorfo presentes no filme de 79. O filme recebeu críticas diversas, tanto positivas quanto negativas, sendo que era um consenso que a história havia gerado ainda mais dúvidas acerca da origem dos aliens. Então Alien: Covenant foi produzido para esclarecer tais dúvidas de uma vez por todas.

Neste novo filme, que se passa 10 anos após os acontecimentos de Prometheus, uma tripulação de 15 pessoas viaja a bordo da espaçonave Covenant – em missão colonizadora – e localizam um planeta aparentemente inexplorado e com ares de paraíso para a raça humana. Eles então decidem ir a solo para explorar o terreno mas acabam despertando algo que não desejavam.

Scott reuniu um elenco de atores completamente mal aproveitado graças ao roteiro repleto de furos e conivências. James Franco (127 Horas) é o maior exemplo disso, a tentativa de criar uma carga dramática de seu personagem com seu par romântico, Daniels (Katherine Waterson de Animais Fantásticos e Onde Habitam), não cola já que sua aparição é pífia. Inclusive, Katherine não convence como heroína, aparecendo menos do que deveria e tendo certo destaque só ao final do longa, mesmo assim não é uma personagem cativante. Outro extremamente aquém do que se esperava é Billy Crudup (Watchmen), que encarna um capitão apático e descartável.

Outros casais estão a bordo da Covenant e se a ideia de Scott era gerar uma empatia do público com eles, o tiro foi dado no pé. Conforme as mortes se sucedem, se nem mesmo os personagens parecem sentir a perda de seus entes, o público – que pouco vira deles – tampouco se importa.

Inclusive, se o ponto fraco de Prometheus eram os personagens estúpidos fazendo coisas estúpidas, em Alien: Covenant multiplique isso por 15. Desde personagens que descem ao planeta sem proteção adequada, a outro que fuma e descarta o cigarro a esmo, passando pelo personagem que atira em cilindros explosivos em um ambiente fechado e ao casal que ainda encontra libido para tomar banho junto, mesmo depois de tantas tragédias e sangue derramado. Lendo isso parece que o roteiro de Machete no espaço já está pré-escrito.

Infelizmente é essa a ideia que Alien: Covenant vai dando ao espectador, conforme os minutos se passam, a falta de sensibilidade de Scott incomoda e nos tira risos involuntários e reações incrédulas. Talvez o insucesso de Prometheus tenha feito o diretor querer dar novos ares à trama, porém, coisas ótimas do filme anterior neste aqui são resolvidas com displicência.

Apesar de todos os problemas do roteiro, o filme ainda tem coisas boas como Michael Fassbender (Assassin’s Creed) que vive David, o androide sobrevivente de Prometheus, e Walter, o novo androide da Covenant. As cenas em que ambos personagens dividem a tela são as melhores do longa e ambos possuem diálogos e questionamentos interessantes que agregam à ideia geral da franquia.

A parte técnica do filme também merece destaque, Scott é um ótimo diretor e sabe filmar como poucos uma ficção científica. Toda a ambientação do novo planeta, as cenas dentro das naves e a tensão nos minutos finais são elementos que o diretor ainda tem cautela em tratar, pena que isso não se prolongue para os 120 minutos de filme.

Infelizmente, o resultado do filme é desapontador, muitas questões lançadas em Prometheus são tratadas de maneira rasa e supérflua, não trazendo grande valor à franquia no geral. Todo o ar de mistério e terror que nos assombravam nos primeiros filmes da saga é apagado de vez em Alien: Covenant, com respostas controversas advindas de reviravoltas em uma trama repleta de falhas e personagens mal desenvolvidos.

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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