Review | Ana e Vitória

Longas biográficos de cantores e músicos viraram praticamente um subgênero no Brasil, país de música tão ecléticas que trouxe filmes como Cazuza – O Tempo Não Pára (2004), 2 Filhos de Francisco (2005), Tim Maia (2014) e Elis (2016).

O sucesso meteórico da dupla Anavitória, que surgiu em 2015, fez com que o empresário da dupla, Felipe Simas, apostasse em um filme com ambas como protagonistas.

O longa que conta o início da dupla é tão repleto de espontaneidade que é difícil não simpatizar com as moças logo de cara, mesmo que você não conheça ou não goste de suas músicas. Porém, um pequeno detalhe pode frustrar os fãs da banda: o longa traz uma história ficcional, não é bem uma biografia, mas, nada que tire o brilho do filme. É até difícil acreditar que tudo não seja real.

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Foco no jovem

Já que não há muito a ser mostrado sobre a ainda curta carreira do duo, a história foca muito mais em dilemas pessoais de ambas – e de qualquer jovem – durante os primeiros encontros e meses de formação da dupla, sem rumar tanto para o lado artístico da coisa, levantando questões sobre relacionamentos, sexualidade e autoconhecimento de forma natural e despojada.

O diretor e roteirista Matheus Souza (Eu Não Faço a Menor Ideia do que eu Tô Fazendo Com a Minha Vida) faz uso de uma linguagem visual bastante atual e que conversa com o público jovem, brincando com stories de Instagram, mensagens de WhatsApp e memes, mas também sabendo ser maduro o suficiente para tratar temas como bissexualidade e relacionamento aberto sem moralismos.

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Vendido como uma comédia romântica musical, Anavitória está recheado de músicas cantadas pelas meninas, algo que irá agradar aos fãs, mas que às vezes dá uma sensação de que a história fica mais inchada do que deveria.

Ainda assim, as meninas Ana e Vitória exalam tanta simpatia e doçura que não tem como sair da sessão com a cara emburrada.

Um filme delicado que mostra que, mesmo quando nosso cinema precisa ser comercial, também é possível fazer um material de qualidade e com conteúdo.

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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