Desde os anos 80, com o ápice dos slashers, filmes e mais filmes de serial killers foram sendo feitos em incontáveis sequências. Nestas produções, não havia grande desenvolvimento de personagens, tampouco histórias elaboradas, seguindo sempre o mesmo roteiro: mortes sanguinárias e violentas de adolescentes com os hormônios à flor da pele.
Com Jogos Mortais (2004), de James Wan, o gênero terror ganhou dois presentes: uma franquia com força – criativa e econômica, com filmes que custaram pouco e arrecadaram muito – e um diretor capaz de produzir bons filmes do gênero. Em uma das vertentes desta nova fase do terror, os filmes de possessão demoníaca são destaque, sendo Invocação do Mal (2013) o exemplo recente que fez mais sucesso, rendendo uma sequência em 2016 – ambas com assinatura de Wan.
A partir daí, spin-offs da franquia – outra moda nesse século – foram sendo divulgados e produzidos. Annabelle chegou em 2014, um ano após o primeiro aparecimento da boneca em Invocação do Mal. Agora é a vez de Annabelle 2: A Criação do Mal contar a origem da maquiavélica boneca.
Produzido por James Wan e dirigido por David F. Sandberg (Quando as Luzes Se Apagam), Annabelle 2 conta a história de um casal que perde a filha ainda criança em um trágico acidente. Anos depois, o artesão de bonecas e sua esposa recebem em sua casa seis crianças e uma freira oriundas de um orfanato fechado. Porém, a presença de Annabelle irá atormentar a vida de todos.
Problemas
O filme tem grandes problemas, apesar de um início promissor, todo o desenvolvimento da trama se baseia em querer dar sustos e em mostrar Annabelle a esmo, usando e abusando dos jumpscares. Porém, falta tato ao diretor Sandberg em dosar este artifício, pois, apesar da pouca duração do filme, em sua metade as cenas de tensão tornam-se manjadas. Mesmo tentando variar com outros elementos, falta a sutileza em utilizá-los, pois todos servem apenas para uma nova cena de susto.
Se no filme anterior toda a história se passa na casa de um casal que tenta se livrar da maldita boneca, neste existem quase dez pessoas morando sob o mesmo teto, sendo que metade só faz número. Das seis crianças vindas do orfanato apenas duas agregam à história, a pequena Linda (Lulu Wilson de Ouija: A Origem do Mal) e Janice (Talitha Bateman, de A Colmeia) – que tem problema em uma das pernas devido a poliomielite – todas as outras são descartáveis. Já não tínhamos aprendido com os slashers que se for para colocar personagens a mais, que eles pelo menos sirvam para morrer dignamente? Pois é.
É clichê falar que um filme de terror tem clichês, mas aqui eles existem aos montes. É difícil fugir deles, porém, é preciso esforço para que não pareçam ridículos. Aqui, várias cenas de tensão são quebradas por reações estúpidas em situações extremamente forçadas por um roteiro com desenvolvimento frouxo.
Mas o grande problema do filme é não ser honesto com o seu espectador. Apesar de anunciar a tal origem de Annabelle, toda a história das crianças acaba sendo gratuita ao descobrirmos em uma narrativa no terceiro ato toda a verdade acerca da boneca – péssima por sinal.
Infelizmente, nem mesmo os instantes finais do filme – que tem conexão direta ao início do Annabelle anterior – são capazes de agradar depois de uma história fraca e mal aproveitada. É pena que uma franquia que poderia continuar rendendo bons filmes se perca em um filme que tem pouco a contar.
Existem ainda duas cenas pós-créditos que, assim como o filme, pouco entregam, sendo uma delas uma ligação para mais um spin-off da franquia Invocação do Mal: A Freira, programado para 2018.
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