Muitos atores gostam de mostrar o quanto são versáteis, estrelando produções bem diferentes no mesmo ano. Will Smith é um bom exemplo disso. O astro que se acostumou a dominar as bilheterias no verão americano com produções grandiosas como Independence Day, MIB – Homens de Preto e Bad Boys, mas também gosta de fazer filmes menores, expondo seus dotes dramáticos, como vimos em Ali e À Procura da Felicidade – que lhe renderam indicações ao Oscar – e Um Homem Entre Gigantes. Beleza Oculta é a nova empreitada do ator no universo dramático, mas diferente das produções anteriores, Will Smith não consegue obter um bom resultado, fazendo-nos relembrar outro filme seu, o chato Sete Vidas.
Beleza Oculta tinha tudo para ser um bom filme, a começar pela escalação dos atores, um time de grandes nomes que, além de Will, conta com as vencedoras do Oscar Kate Winslet e Helen Mirren, além do sempre ótimo Edward Norton. A trama divulgada no trailer também se mostrava bastante promissora, com pinceladas acertadas entre originalidade e emoção. Bem, uma grande história com um grande elenco deveria render um ótimo filme, mas Beleza Oculta consegue ser completamente o oposto.
Os problemas já aparecem no texto de Allan Loeb. As intenções do autor são boas, mas logo se perdem em meio a tantos dramas e situações que só existem para contextualizar os personagens, mas na verdade não possuem nenhuma finalidade realmente importante para a história. Segue-se o personagem de Will Smith por todos os cantos, mas não existe nenhum bom momento que faça valer a pena embarcar na trama, que demonstra ser totalmente fria e manipuladora. As reviravoltas no final – um espectador mais atento pode matar a charada lá pelo meio do filme – acontecem e podem até convencer, mas uma análise mais profunda revela que as surpresas guardadas para o final são apenas artifícios do filme para gerar emoção barata e podem não fazer sentido.
Outro problema é a direção pouco inspirada de David Frankel. O diretor parece acomodado e não consegue aproveitar o potencial de seus atores, preferindo se contentar com cenas didáticas para arrancar lágrimas da plateia, usando para isso uma trilha sonora bonita – mas ordinária – que existe para gerar ainda mais comoção. Vai ver que nem o diretor acreditava no material que tinha em mãos.
O elenco estrelado tenta segurar as pontas, mas nenhuma presença é justificada, já que o texto apresentado não exigiria atores tão bons para representá-lo. Will Smith passa a maioria do filme em silêncio, é um bom ator, segura bem as pontas, mas aqui suas caras e bocas mais incomodam do que emocionam. O trio Kate Winslet, Edward Norton e Michael Peña funciona, mas nenhuma das histórias individuais tem o aprofundamento necessário. Helen Mirren, Keira Knightley e Jacob Latimore se saem melhor em cena, pois seus personagens são mais leves, capazes de proporcionar melhores momentos. Helen Mirren, por sinal, também é a melhor coisa do filme, responsável pelos momentos mais divertidos da trama em meio a tantos dramas.
Beleza Oculta deve agradar os fãs de autoajuda com suas muitas mensagens positivas e discursos inspiradores. De um modo geral, o filme tenta surpreender, mas sua solução parece mais confusa do que lógica e causará diferentes impactos no público, podendo tanto agradar quanto aborrecer.
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