Em 2010, Kathryn Bigelow tornou-se a primeira mulher a vencer o Oscar de direção por seu trabalho em Guerra ao Terror. A diretora, que já era conhecida por filmes como Point Break (1991) e Estranhos Prazeres (1995), foi alçada a um patamar ainda maior e começou a se especializar em filmes quase em tons documentais e com certa crítica política e social.
Em 2012, lançou A Hora Mais Escura – indicado a Melhor Filme – que conta a história das operações de captura a Osama Bin Laden, e agora chega com seu mais novo filme, Detroit em Rebelião, em parceria com o roteirista Mark Boal, com quem já havia trabalhado nos dois filmes anteriores.
Em Detroit em Rebelião, mais uma vez Bigelow utiliza de seu talento para contar os ocorridos na cidade de Detroit em 1967, quando durante cinco dias uma rebelião deixou a cidade praticamente sitiada devido a uma operação policial desastrosa.
Assim como nos seus trabalhos anteriores, Bigelow se aprofunda na história, sem deixar o lado documental de fora, e nos leva para dentro de toda a ação e interação com os personagens.
Com um início lento, Bigelow utiliza de sua primeira hora para nos apresentar aos três núcleos principais: os integrantes do grupo The Dramatics, os policiais liderados por Will Poulter (O Regresso) e o personagem Dismukes (John Boyega, de Sonhos Imperiais).
Entre as idas e vindas desses núcleos, fica evidente a diferença de interesse que cada um irá despertar. O grupo musical se mostra mais dissonante para a história do que o grupo de policiais. Nas cenas com os cantores, o personagem Larry Reed (Algee Smith, de Terra para Echo), em certo instante, chega a ser irritante por querer cantar em momentos inoportunos – até quando reza. Chega um momento que pensamos com nós mesmos “ok, já entendemos que você canta bem”.
Todos esses personagens irão se encontrar em um hotel, durante a rebelião, e é nesse local que irão se suceder momentos de tensão que fazem o filme valer a pena. Poulter mostra que é um ator que, bem dirigido, rende muito e consegue roubar a cena. Mesmo sem se mostrar uma pessoa excessivamente cruel – nada que lembre o personagem de Denzel Washington em Dia de Treinamento – seus olhares e palavras são fortes e deixam o clima bastante pesado.
O estilo de filmagem de Bigelow não consegue chamar tanta atenção quanto em Guerra ao Terror, sua câmera na mão não é tão envolvente aqui, até mesmo porque são poucos os momentos em que somos jogados dentro da rebelião, mas sua direção de atores e construção do clima pesado são extremamente eficientes.
Detroit em Rebelião tem seus momentos, muito mais pela ótima Bigelow na condução do elenco, ritmo da trama e pela excelente atuação de Poulter. Mas, no geral, é um filme sobre racismo, repressão e injustiça, que não ousa tanto e se alonga demais durante as quase duas horas e meia de duração.
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