Review | Evil: Contatos Sobrenaturais (Globoplay)

Evil é uma série curiosa. Não é aquela obra-prima como as séries de Mike Flanagan para a Netflix, mas também não cai no caminho fácil dos similares envolvendo Deus e o Diabo na Terra do Dólar. É original, com ótimos personagens e algumas histórias intensas, sendo, ao mesmo tempo, fácil de ver e muito maratonável. São duas temporadas completas, ainda sem confirmação de uma terceira.

Kristen Bouchard (Katja Herbers, da 2ª temporada de Westworld) é uma psicóloga forense competente, que se equilibra entra pagar o empréstimo estudantil e criar quatro filhas, enquanto o marido toca o negócio da família, que é guiar turistas em escaladas de montanhas. Quando ela perde o emprego, surge uma estranha oportunidade de emprego, com plano de saúde e benefícios: ajudar a Igreja Católica a investigar casos de possessão demoníaca e milagres.

Kristen, como ex-católica, daria uma visão imparcial, enquanto o ponto de vista do crente seria do líder da equipe, David Acosta (Mike Colter, o Luke Cage da Marvel/Netflix), um seminarista prestes a se ordenar padre; e o ceticismo científico viria de Ben Shakir (Aasif Mandvi, que esteve no infame O Último Mestre do Ar), um técnico “faz-tudo” de origem paquistanesa, que analisa desde computadores a infestação de fungos.

O elenco principal é completado pelo vilão Leland Townsend (Michael Emerson, que vem repetindo o mesmo tipo desde Lost), um concorrente e depois inimigo de Kristen; e a mãe desta, Sheryl (a veterana da TV Chistine Lahti), uma mulher independente e sexualmente ativa, que vive brigando com a filha, mas lhe dá cobertura com as netas sempre que necessário.

Procedural

A primeira temporada é melhor, com alguns episódios se destacando, como o quarto, em que a equipe investiga se um garoto de nove anos está possuído ou se é “apenas” psicopata; o sétimo, que tem uma trama secundária em que Leland tenta induzir um incel (celibatário involuntário) a cometer um a chacina numa academia feminina; e o décimo, em que uma música de Natal vira uma epidemia numa escola católica.

Na segunda, os episódios passam a ter nome de capítulos de um Livro Pop-Up de Coisas Aterrorizantes, como o sétimo, S de Silêncio, possivelmente o mais criativo de todos. Só no final descobrimos que livro é esse.

Apesar de ser procedural (cada episódio, uma história independente), existe uma trama maior se desenvolvendo, assim como os personagens centrais, especialmente Kristen e David. Casada, mas sem marido, ela se sente atraída por David, que ainda por cima está prestes a se tornar padre.

Além disso, ela tem que lidar com a culpa e estresse pós-traumático por conta de um pecado mortal. Ele, por outro lado, já foi viciado em sexo, e, embora seja abençoado com visões místicas, tem na tentação da carne o grande obstáculo à sua ordenação.

Leland, por outro lado, passa por uma transformação de uma temporada para outra, dando a entender que há muitas instâncias superiores a ele na hierarquia do Mal.

Para quem se animar, recomendo que preste atenção na câmera com movimentos e enquadramentos incomuns e no sua da trilha musical, bem divertida.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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