Review | Jack Reacher: Sem Retorno

Tom Cruise vem de uma linhagem de atores dos anos 90 que se tornaram grandes astros, dominaram bilheterias e depois de terem suas carreiras estabelecidas, partiram para novos projetos, se arriscando em diversos gêneros e realizando projetos pessoais. Johnny Depp, Brad Pitt, Will Smith e Leonardo DiCaprio são alguns desses astros que conquistaram o mundo e hoje alternam projetos pessoais com blockbusters.

Mas diferentemente de seus colegas citados anteriormente, Tom Cruise parece não querer seguir o mesmo caminho, preferindo manter o estigma de astro de ação, enquanto os outros são frequentemente vistos nas temporadas de premiações. Tom Cruise ainda quer reinar nas bilheterias, quer continuar sendo o maior astro de Hollywood, e continua fazendo um filme de ação após o outro, e isso não é necessariamente ruim.

Nos últimos anos, vimos Tom protagonizar filmes bastante eficientes – Oblivion, No Limite do Amanhã – e ainda novos capítulos de Missão: Impossível, provando que a franquia ainda pode render muito dinheiro. Em meio a essas produções, Tom se deparou com Jack Reacher, personagem criado pelo autor Lee Child, estrelando o primeiro longa em 2012, apresentando um thriller interessante, com uma dosagem certa de ação e suspense. Se Jack Reacher: O Último Tiro convencia pela eficiência, o mesmo não se pode dizer de Jack Reacher: Sem Retorno, um filme sem personalidade que descaracteriza tudo o que foi construído anteriormente.

Se no primeiro longa tínhamos o inspirado diretor Christopher McQuarrie no comando, no segundo a direção fica com Edward Zwick, dono de uma filmografia confusa e sem grande expressão, mas que é amigo de Tom Cruise dirigindo-o em O Último Samurai. O diretor não realiza grandes cenas, nem investe em novidades, prefere manter-se discreto e pouco inventivo. O roteiro também não vai longe, transforma o filme num jogo de gato e rato, colocando Jack o tempo todo fugindo, nunca enfrentando ameaças realmente perigosas, mas nem por isso distribuindo menos socos. Para piorar, surge uma garota que pode ser sua filha e é claro que ela passa a ser perseguida, obrigando Jack a salvá-la. O roteiro requenta várias tramas vistas em outros filmes e isso só aumenta o desconforto de ver Tom Cruise durante duas horas não tendo nada para dizer ou fazer.

Diferentemente de Jason Bourne, onde vimos toda sua história ser construída ao longo dos filmes, em Jack Reacher essa humanização do personagem parece querer ser feita de uma única vez, escolhendo os caminhos mais óbvios, sem originalidade alguma. Até coadjuvantes interessantes fazem falta.

Jack Reacher passou de caçador para caça e dificilmente sobreviverá num mercado muito competitivo, onde já existem inúmeras produções do gênero. Certeza mesmo é que Tom Cruise continuará fazendo o que quiser, enquanto seu narcisismo e simpatia persistirem.

Joel Junior http://www.nerdinterior.com.br

Professor, divide o tempo que tem entre o aprendizado das crianças com sua paixão pelo cinema, sua obsessão por séries, sua coleção de livros e fixação por música. Mistura toda a cultura pop e ainda acha tempo para escrever e se divertir.

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