Review | Jumanji: Próxima Fase

Uma das coisas que aprendemos no cinema – principalmente com Hollywood – é: nenhuma história tem um fim. Basta qualquer motivo para que um personagem morto há décadas volte sem maior cerimônia – Star Wars: A Ascensão Skywalker provou isso recentemente – ou que uma trilogia finalizada renda mais um capítulo – Toy Story 4 é um ótimo exemplo. A receita é simples: deu dinheiro? Pode dar de novo.

E o sucesso do primeiro Jumanji (2017), com seus mais de 950 milhões de dólares arrecadados em bilheteria – aliás, segundo, já que ele é uma continuação meio que indireta do clássico de 1995, com Robin Williams – fez com que todo o elenco principal retornasse para este Jumanji: Próxima Fase.

Até Nick Jonas volta, embora deslocado e mal aproveitado, e Awkwafina, atriz em ascensão, aparece como um novo avatar do jogo. A ideia continua basicamente a mesma: os jovens entram no jogo, devem localizar a joia verde e colocá-la em seu lugar para que possam sair de lá. Claro, no caminho encontrarão aventuras, obstáculos, inimigos e morte.

A maior sacada do diretor Jake Kasdan é não se limitar a contar a mesma história novamente. Tudo bem que ele meio que faz isso, afinal, estamos assistindo de novo a um videogame em live-action com quatro avatares – o leitor de mapa Jack Black, o forte Dwayne Johnson, a matadora de homens Karen Gillan e o zoologista Kevin Hart – interagindo numa realidade virtual hostil.

Só que dessa vez, Kasdan traz dois ícones do cinema para essa brincadeira: Danny DeVito e Danny Glover. DeVito é Eddie, o avô de Spencer (Alex Wolff, de Hereditário). Glover é Milo, um amigo de longa data de Eddie. O único problema é que não se falam há anos, devido a um desentendimento.

Emoção

Com isso, Próxima Fase ganha em carga emocional com os dois velhinhos em cena – não espere um melodrama de Pedro Almodóvar ou Noah Baumbach. O drama do jovem adolescente tímido, que nunca namorou e não tem amigos, dá espaço para as rusgas mal resolvidas entre Eddie e Milo – há muito a se falar sobre o valor das amizades, o ato de se desculpar e de aceitar a velhice – seus personagens carregam consigo uma rabugice hilária.

Aliás, é graças a The Rock e Hart, que imitam os trejeitos dos “Dannys”, que Próxima Fase é uma comédia que sabe rir de si mesmo. Hart falando pausadamente – em alusão ao personagem de Glover, mas ao contrário de si próprio – é hilário. A avatar de Gillan pulando, correndo, saltando e mostrando suas habilidades com certeza fará o fã de videogames da década de 90 se lembrar de quando pegava seu tão sonhado personagem e ficava pulando com ele a esmo nos cenários.

Bilheteria maior, efeitos melhores. Quando o filme parte para a ação de fato – e há pelo menos três sequências bastante agitadas contra avestruzes, mandris e uma horda de mercenários – a computação gráfica se mostra bem melhor que a do filme anterior, os animais parecem reais e o fundo verde não fica tão perceptível.

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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