Review | Loki – 1ª Temporada (com SPOILERS)

Se o final de WandaVision e Falcão e o Soldado Invernal deixou alguns ganchos e interrogações, ao menos eles encerravam seus arcos narrativos. Não é o que acontece em Loki. A única certeza que fica é que haverá uma segunda temporada.

O que parece é que Kevin Feige tenta fazer no Universo Cinematográfico Marvel (MCU) o que há décadas é feito nos quadrinhos. As séries do Disney+ seriam como os gibis regulares, e os filmes edições especiais em que as grandes sagas acontecem. Tudo devidamente interligado para obrigar o consumidor a acompanhar tudo para entender o que se passa. Só assim para explicar o final da aventura solo do Deus da Trapaça.

A partir daqui, é só para quem viu a série toda, portanto, SPOILERS.

Loki (Tom Hiddleston) e Sylvie (Sophia Di Martino)

O que deveria ser a grande surpresa deste desfecho acabou quase sendo anticlimático, pelas diversas pistas deixadas ao longo dos episódios anteriores – mas só nerds roots perceberam. Enfim, apesar das negativas do ator Jonathan Majors (Lovecraft Country), ele dá o ar da graça neste episódio final. Sua presença já estava confirmada em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (previsto para 2023!) como Kang, o grande vilão temporal das HQs. Parece que toda a série foi construída para sua introdução.

E porque ele é tão importante?  Porque introduz no MCU o conceito de multiverso, que a DC utiliza há muito tempo para explicar diferentes versões de seus heróis nas diferentes mídias (sabia que o Kal-El de Superman e Lois não é o mesmo de Homem de Aço?). Em Ultimato, a Anciã explica a importância do retorno das Joias do Infinito aos seus momentos de extração, para não comprometer a linha do tempo (embora muitas outras coisas o façam no filme…).

Aqui, Kang – ou Aquele que Permanece – explica porque criou a TVA e a importância de evitar o multiverso (conceito que, por mais maluco que pareça, tem um certo embasamento científico). Se você analisar bem, a explicação é furadíssima, mas o fim da Linha do Tempo Sagrada é a forma que a Casa das Ideias encontrou para introduzir os X-Men e o Quarteto Fantástico, que retornaram à Marvel após a compra da Fox pela Disney.

Consequência

Outra consequência é a transformação definitiva de Loki (Tom Hiddleston) em anti-herói. Se enganam os que achavam que ele fingia todo o tempo e ia tirar um ás da manga no clímax: o beijo final revela que ele encontrou alguém com quem se importa – mesmo sendo uma versão de si mesmo – ao mesmo tempo em que estabelece Sylvie (Sophia Di Martino) no MCU, provavelmente assumindo o papel de Encantor, personagem asgardiana das HQs que ainda não tinha dado as caras em carne e osso.

A longa conversa sobre livre-arbítrio versus consequências tem um pano de fundo bíblico, com Kang comendo uma maçã e tentando a mulher, cuja vida foi roubada pela sua criação, a TVA. É um easter egg luxuoso e elaborado, mas que não deve pesar na impressão geral da série, que é de uma obra inacabada.

Não se fechou o arco nem do nosso Loki, de Sylvie, da TVA, de Mobius (Owen Wilson que, aliás, o que está fazendo nesse rolê?) ou mesmo da juíza Ravona Renslayer (Gugu Mbatah-Raw). Tudo foi jogado para uma segunda temporada, cuja data nem se sabe (provavelmente, já deve ter sido gravada).

Se você não quem é esse, corra assistir a série.
Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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