Os diretores Ron Clements e John Musker se tornaram duas peças importantes na Disney. No final da década de 80 dirigiram A Pequena Sereia, trazendo a Disney de volta aos holofotes depois de quase dez anos de insucesso em suas animações. Depois disso, a dupla ainda dirigiu Aladdin (1992), onde apresentaram uma princesa árabe rebelde e, em 2009, dirigiram A Princesa e o Sapo, animação que trouxe a primeira princesa negra da história da Disney.
Em Moana: Um Mar de Aventuras, os diretores mais uma vez apresentam uma nova perspectiva de princesa: sem príncipe, extremamente corajosa, representativa e que quer apenas construir a sua própria história.
A trama gira em torno de Moana, uma jovem fascinada pelo mar que é filha do chefe de uma tribo na Polinésia. Ela é a sucessora de seu pai e, por isso, ele sempre a reprime em seus desejos de ir ao mar em busca de algo que ela acredita que esteja lá pra ela. Seu número musical How Far I’II Go/ Saber Quem Sou (no original interpretado por Auli’i Cravalho e na versão dublada por Any Gabrielly), diz muito sobre os anseios e origens da personagem, criando um forte laço entre a audiência e Moana.
Após uma praga assolar a ilha, contaminando os cocos e tornando os peixes escassos, Moana parte em uma jornada para encontrar o semideus Maui, que roubou o coração da Deusa Te Fiti (uma espécie de Mãe Natureza), o que acabou fazendo com que o mal se dissipasse após o sumiço da Deusa. Maui também está desaparecido há mil anos e Moana terá de encontrá-lo e convencê-lo a colocar o coração de Te Fiti em seu lugar, para que o seu erro seja reparado.
Maui é um ser da mitologia maori e a utilização de sua imagem rendeu duras críticas à Disney, com os países do Pacífico Sul acusando o estúdio de desrespeitar a cultura maori visando apenas lucro utilizando a crença alheia. Falando nisso, o número musical You’re Welcome/De Nada, que resume a história e importância dos feitos de Maui, é um dos melhores do filme – no original, é interpretado por Dwayne ‘The Rock’ Johnson e na versão dublada, é muito bem executado por Saulo Vasconcellos.
A jornada de Moana e Maui pelo mar é empolgante, passando por duas batalhas inesperadas: uma contra cocos piratas selvagens – hilária e tensa – e outra contra um caranguejo gigante, o temido Tamatoa, rendendo outro fantástico número musical Shiny/Brilhe (dublado por Roberto Garcia a partir do original de Jemaine Clement), talvez o melhor trabalho de adaptação entre as músicas.
Como é de praxe dos estúdios Disney e dos diretores Clements e Musker, as músicas são bem coreografadas e empolgam o espectador que se pega envolvido com a letra e também com toda a animação. Inclusive, a animação é outro grande trunfo do filme, é o primeiro filme do estúdio todo feito em CGI, o que traz um ar ainda mais realista à produção, cada detalhe é absolutamente nítido e crível, trazendo diversas sequências memoráveis. Até mesmo a água – tão presente na história – teve um tratamento todo especial, com direito a criação de uma técnica exclusiva pela Disney denominada Splash e utilizada para aprimorar ainda mais seus efeitos. O resultado é formidável, o que faz com que o mar seja um personagem à parte – e é mesmo.
Falando em personagens, cada um que aparece tem grande importância e é muito bem desenvolvido. O pai de Moana e toda sua proteção para com a filha, sua avó tão inspiradora e louca, como ela mesma se intitula, o frango atrapalhado Heihei, que arranca boas gargalhadas e o já comentado Maui, que a princípio se mostra arrogante, devido aos seus feitos em prol dos homens, mas que com o passar do tempo se torna adorável. Sem falar em outros personagens que não vou falar muito para guardar a surpresa para quando você assistir.
Moana já é um sucesso nas bilheterias e tem tudo para se tornar uma das maiores bilheterias dos últimos tempos da Disney – talvez não alcance o sucesso de Frozen ou Toy Story 3, porém, sem dúvida, será um arrasa-quarteirão nas bilheterias e fará muito dinheiro, podendo até render uma sequência.
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