Review: O Problema dos Três Corpos (Netflix)

Candidata a novo hype da Netflix – se é que já não é – O Problema dos Três Corpos é baseada em uma trilogia do escritor chinês Cixin Liu e tem como showrunners a dupla D&D (David Baniof e D.B. Weiss, “os caras” de Game of Thrones) e Alexander Woo, de True Blood.

Começamos com a parte para quem quer saber se vale a pena, e a resposta é sim. A trama todo é bem amarrada, misturando política, ciência, mistério e atuações competentes, como em geral acontece num elenco predominantemente britânico. Aliás, o cast mescla caras conhecidas pelos fãs de GoT – Liam Cunnnigham (Sor Davos) e John Bradley (Sam Tarley) – : do MCUBenedict Wong, o Wong de Doutor Estranho); Jonathan Pryce, de Dois Papas: além de Jovan Adepo, de Babilônia e Um Limite entre Nós; Alex Sharp, de Os Sete de Chicago; e as relativamente desconhecidas Jess Hong e Eisa González, de quem até fazem uma piada dizendo que ela é uma beldade de filme ruim, como Velozes e Furiosos (ela participou de V&F: Hobbes e Shaw). Como diziam de Joey em Friends, sorte dela que é bonita…

Isabela Boscov em seu vídeo sobre a série, percebeu que é difícil fazer um review sem não dar spoiler, então, a partir daqui, recomendo para quem já viu, mas não vou comentar os momentos chave.

A construção da personagem Ye Wenjie (Zine Tseng) começa na Revolução Cultural Chinesa, quando seu pai, físico como ela, é humilhado e morto num ato público, por ensinar Teoria da Relatividade, considerada imperialista e antirrevolucionária (Goebbles chamava de ciência judaica). Toda sua trajetória nos campos de trabalhos forçados, a traição no namorado, a sujeição ao machismo e aos critérios políticos em seu trabalho científica e a devastação ambiental que testemunha são fatores que a leva a desacreditar na humanidade e ao seu quase pedido de socorro a alienígenas.

A trajetória de Ye nos anos 60 e 70, principalmente, é intercalada com acontecimentos dos dias atuais, centrado no grupo Cinco de Oxford, uma criação da série, já que seus personagens são inspirados em vários dos livros, espalhados pelos três volumes. A solução dos D&D visou facilitar o entendimento da história e ter personagens com quem o público pode se conectar, mas aí reside o ponto fraco da produção. Mesmo sendo bons atores (com a exceção supracitada), a interação entre Jin (Jess Hong), Auggie (Eiza Gonzáles), Will (Alex Sharp), Jack (John Bradley) e Saul (Jovan Adepo) não empolga, as relações são mal desenvolvidas e o último, Saul, só ganha relevância no ultimo episódio, que é um ganhco para uma segunda temporada, que se não vier, será uma gigantesca “brochada”.

Ainda assim, é importante ver a série, seja pelo hype – você terá assunto para conversar por algum tempo – seja pela trama fascinante. Vale a pena se preocupar por um evento séculos no futuro – como o aquecimento global, por exemplo – ou os humanos vindouros que se explodam?

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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